Quem acompanha o Brasil 123 sabe que um novo modelo do Bolsa Família foi implementado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, o novo desenho do programa social está em execução desde março de 2023.
Então, diante desse cenário, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), esse novo modelo contribui para uma queda na participação da força de trabalho.
Siga a leitura para ter mais detalhes sobre essa questão.
Impacto do Bolsa Família na busca por emprego
Antes de tudo, é interessante mencionar que no início de 2022, o benefício passou ter mínimo de R$ 400 (além de aumento do número de famílias atendidas).
Na segunda metade do ano, o valor aumentou para R$ 600. Por fim, no começo de 2023 foram progressivamente introduzidos novos benefícios variáveis.
A saber, a taxa de participação ficou em 62% em novembro do ano passado (dado mais recente), abaixo da marca de 63,7% pré-pandemia.
De acordo com levantamento do pesquisador Daniel Duque, o efeito se mostra mais intenso em áreas com maior concentração de serviços básicos.
“As regiões que tiveram, proporcionalmente, maiores aumentos da transferência de renda (Bolsa Família) tiveram maior queda na taxa de participação. E essa taxa reduziu mais onde havia maior concentração de serviços básicos”, sinalizou.
Conforme o levantamento, a cada 10 pontos percentuais (p.p.) no aumento da proporção de transferências de renda sobre a massa de rendimentos está associado a uma diminuição de 1,1 p.p. na taxa de participação, com um nível de significância de 1%.
Ao explicar os resultados obtidos, o estudo aponta que o aumento das transferências sociais “pode influenciar a decisão dos trabalhadores de participar ou não do mercado de trabalho, considerando o equilíbrio entre trabalho e benefícios recebidos”.
Coincidência
O economista da XP, Rodolfo Margato, destaca uma “coincidência temporal” que reitera a relação.
A queda na taxa de pessoas à procura de emprego inicia a trajetória descendente em julho de 2022, mês em que foi promulgada a proposta que elevou o valor do Auxílio Brasil a R$ 600.
“A gente vinha observando uma recuperação na taxa de participação ao longo de 2021, no primeiro semestre de 2022. E a gente viu uma interrupção neste processo de melhoria a partir do início do segundo semestre de 2022, que coincide com maiores transferências do governo, no caso, o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600”, pontua.
Para Duque, uma solução possível para mitigar os efeitos negativos sobre a taxa de participação seria remodelar o programa.
“O desenho anterior [às recentes mudanças] do Bolsa Família privilegiava especialmente famílias com grande número de crianças. Sabemos que em famílias com grande número de crianças é muito difícil para a mãe ou o pai — geralmente a mãe — ter tempo para procurar um trabalho. Essas famílias já não estavam na força de trabalho, e o Bolsa Família tinha um impacto pequeno”, indica.
“Quando a transferência é praticamente igual para todas as famílias, independente deste tipo de variável, pode haver a redução na força de trabalho”, completa.
Bolsa Família bate recorde
Segundo dados do governo federal, no último ano, o Programa Bolsa Família atendeu uma média de 21,3 milhões de famílias, ante 19,2 milhões em 2022. Além disso, o investimento também aumentou, totalizando R$ 14,1 bilhões por mês, contra a estimativa de R$ 7,8 bilhões no ano anterior.
Com informações da CNN Brasil