A Câmara dos Deputados inicia nesta semana a análise da Proposta de Emenda à Constituição 32/22, a PEC da Transição. Para quem não acompanhou, o texto foi aprovado pelo Senado na quarta-feira (7), e assegura recursos fora da regra do teto de gastos para pagamentos do Bolsa Família em 2023.
A saber, a proposta tem impacto estimado de R$ 145 bilhões ao ano e não especifica como o valor deverá ser aplicado.
O senador Marcelo Castro (MDB-PI), primeiro signatário da PEC e relator-geral do Orçamento para 2023, avaliou que R$ 70 bilhões serão destinados ao Bolsa Família, que retorna no lugar do Auxílio Brasil.
Bolsa Família de R$ 600
Caso a medida seja aprovada, o novo governo poderá alocar no Bolsa Família um benefício mensal de R$ 600 por mês, mais uma parcela adicional de R$ 150 para cada criança de até seis anos de idade que pertença aos grupos familiares atendidos pelo programa.
Outras áreas beneficiadas
Segundo Marcelo Castro, o texto aprovado pelos senadores permitirá ainda:
- R$ 16,6 bilhões destinados para políticas de saúde, entre elas o programa Farmácia Popular;
- R$ 6,8 bilhões para o aumento real do salário mínimo;
- R$ 2,8 bilhões para o reajuste salarial de servidores do Poder Executivo.
Ainda mais, os R$ 145 bilhões anuais também não serão considerados para o cálculo da meta fiscal de 2023 e não seguirão a chamada regra de ouro nesse período. Pela Constituição, o governo não pode contrair dívidas para pagar gastos correntes, como salários, material de consumo e contas de água e luz, entre outros.
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Mudanças no Senado
A versão original da PEC 32/22 previa a retirada do Bolsa Família da regra do teto de gastos por quatro anos. O relator, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), optou por um valor fixo, e reduziu o prazo da medida para dois anos. O impacto da PEC começou em R$ 175 bilhões e, após os debates, baixou para R$ 145 bilhões.
Além disso, o texto aprovado determina que o governo Lula encaminhará para o Congresso, até o final de agosto de 2023, a proposta de um novo regime de controle dos gastos públicos. Essa regra fiscal deverá ser “sustentável” e substituirá o atual teto de gastos e deverá ser uma lei complementar, e não parte da Constituição.
O teto de gastos foi introduzido na Constituição em 2016, para tentar restringir o crescimento real das despesas por 20 anos. O limite varia de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Há algumas exceções, como transferências constitucionais, créditos extraordinários e custeio das eleições.
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Tramitação da PEC do Bolsa Família
Segundo Marcelo Castro, na Câmara a PEC do Bolsa Família vai tramitar em conjunto com a PEC 24/19, que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania e se encontra em comissão especial. Dessa forma, a votação poderá ocorrer mais rapidamente.
A PEC 24/19, da deputada Luisa Canziani (PTB-PR), permite que recursos diretamente arrecadados pelas universidades, por meio de ampliação de serviços, doações ou convênios, sejam usufruídos integralmente pelas instituições.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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