Depois de capturar mais de R$74 bilhões de reais em fluxo estrangeiro e superar o recorde histórico desde 1994, a bolsa brasileira pode presenciar uma diminuição nesse fluxo de capital.
O início do ano já guardava a entrada de capital estrangeiro no Brasil, devido a quantidade de ativos baratos, assim analisados pelos estrangeiros. Porém, com o encabeçamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a disparada no preço das commodities, a bolsa brasileira sofreu um impacto positivo que não estava sendo esperado.
Causas do aumento do fluxo de estrangeiro
Com o aumento da tensão e os novos desdobramentos da guerra no leste europeu, o preço de ativos como o petróleo e certos grãos sofreram um aumento muito expressivo. Além disso, vale lembrar que o Ibovespa, maior índice de ações da bolsa brasileira, apresenta uma parcela considerável atrelada a commodities.
Neste sentido, acompanhando o preço desses ativos, a bolsa brasileira conseguiu se manter positiva, mesmo diante de um dos conflitos mais pesados da história recente. Com isso, os estrangeiros enxergam no Brasil uma possibilidade de fugir das quedas bruscas de outros países.
O Ibovespa, em 2022, já acumula uma alta de, aproximadamente, 10%. Enquanto isso, a Nasdaq acumula 11% para baixo.
Além disso, o indício do aumento da taxa de juro desde o início do ano, também serviu como um aperitivo para os investidores estrangeiros.
Pressão inflacionária e o fluxo estrangeiro
O impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe aos países a questão do aumento da inflação. De fato, a pressão inflacionária, essencialmente decorrente da guerra, torna o ambiente da captação de fluxo estrangeiro um grande desafio para os países, e para o Brasil a questão não é diferente.
Neste sentido, a comunicação do Federal Reserve (FED) indicando um aumento na taxa de juro e mostrando a preocupação com o processo inflacionário deve se traduzir em menos liquidez e fluxo para países emergentes.
Além disso, investidores norte-americanos já retiraram parte de seus aportes do setor de tecnologia do país, a fim de se protegerem do aumento dos juros.
Motivos para a diminuição do fluxo estrangeiro
Analistas afirmam que com uma redução e até um fim do conflito no leste europeu, a queda do fluxo deve ser mais abrangente. Isso acontece pelo fato dos problemas históricos do Brasil, como a falta de um ritmo de crescimento compatível com a de outros países emergentes.
Além disso, outra questão que pesa na questão do arrefecimento da captação de fluxo estrangeiro no país é o possível fim do ciclo de alta da Selic que já foi anunciado na reunião do Copom. As estimativas giravam em torno de 13,75%, porém a projeção do Copom ficou em 12,75% sendo o último aumento do ciclo de alta.
Com isso, o ambiente doméstico fica menos propício para a recuperação dos ativos conectados ao cenário interno. Portanto, existe uma probabilidade muita alta da queda de ritmo do fluxo estrangeiro e até a saída de certos ativos.