O mercado estava animado com o desempenho da Bolsa Brasileira em 2022. No primeiro trimestre, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa, acumulou ganhos expressivos de 14,48%. Contudo, a maré virou em abril, e quase 70% de toda a valorização acumulada nos três primeiros meses do ano evaporou em um único mês.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que muitos economistas alertaram que as fortes altas da Bolsa Brasileira no começo do ano poderiam cessar em pouco tempo. Havia fatores domésticos e externos que apontavam para isso. E o mês de abril veio com tudo isso junto, fazendo o Ibovespa fechar o mês com uma perda de 10,10%.
Para se ter uma ideia, este foi o maior tombo mensal desde março de 2020, quando a ONU decretou a pandemia da Covid-19. Não houve nenhuma notícia desastrosa como a crise sanitária, mas uma junção de fatos negativos que afundaram a Bolsa Brasileira ao menor patamar desde 18 de janeiro.
Fatores domésticos derrubam Bolsa Brasileira
Os investidores passaram a vir para o Brasil devido às pechinchas que conseguiam no Ibovespa. O mercado acionário local continuava apresentando uma boa rentabilidade aos investidores, e isso os atraiu nos primeiros meses do ano.
Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia também beneficiou a Bolsa Brasileira. Em resumo, muita gente fugiu da Rússia devido aos conflitos. Assim, passaram a procurar outro país emergente para alocar seus investimentos, e o Brasil acabou se tornando uma das opções preferidas dos investidores.
No entanto, a inflação elevada no país vem pressionando o Banco Central (BC) a aumentar cada vez mais a taxa básica de juro da economia no país. Com os juros mais altos, a renda fixa ficou mais atrativa, em detrimento da variável, como o Ibovespa. Isso fez o real ganhar força ante o dólar, mas não fortaleceu a Bolsa Brasileira.
Em suma, os juros mais altos reduzem o poder de compra do consumidor e desaquecem a economia. Dessa forma, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficaram cada vez mais fracas, preocupando os investidores.
Ao mesmo tempo, o governo vem promovendo diversas medidas tidas como populistas. Por exemplo, a redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) chegou a 35% e fará a União deixar de arrecadar mais de R$ 15 bilhões em 2022. Essa e outras medidas aumentam o temor sobre a saúde fiscal do Brasil, fazendo os investidores fugirem daqui.
Aumento dos juros nos EUA atrai investidores
Já no cenário externo, o que mais tirou os investidores da Bolsa Brasileira foi a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos. A saber, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, já sinalizou que os juros deverão subir mais fortemente no país.
Da mesma forma que os juros altos no Brasil fortalecem o real, os juros mais elevados nos EUA também impulsionam o dólar. Isso acontece porque os títulos atrelados ao governo passam a ter uma rentabilidade maior. E muitos investidores ficaram atraídos por isso.
Em síntese, os juros nos EUA estão entre 0,25% e 0,50% ao ano, bem abaixo dos 11,75% ao ano vistos no Brasil. Contudo, o fato de a economia americana ser a mais segura do mundo, com o mínimo risco de calote, faz muitos investidores preferirem a segurança à rentabilidade. E isso contribuiu bastante para a perda expressiva da Bolsa Brasileira em abril.
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