As bolsas externas não fecharam esta segunda-feira (16) no azul. Dados frustrantes da economia chinesa aumentaram receio sobre o ritmo da recuperação econômica global. Ao mesmo tempo, os incontáveis riscos internos contribuíram para que o Ibovespa recuasse ao menor nível em mais de três meses.
O resultado dessa combinação foi um tombo de 1,66% do principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, que encerrou o pregão aos 119.180 pontos. Esse é o menor patamar desde 4 de maio (117.712 pontos) e representa um mergulho de 8,87% em relação ao recorde de fechamento de 130.776 pontos registrado em 7 de junho.
Isso quer dizer que, em pouco mais de dois meses, a euforia em superar pela primeira vez os 130 mil pontos deu lugar às preocupações. E isso é o que não falta no Brasil, ainda mais com o presidente Jair Bolsonaro dando uma forcinha para aumentar as tensões domésticas.
Em resumo, Bolsonaro continua se articulando para turbinar o Bolsa Família. Isso acontecerá através do atraso do pagamento dos precatórios, o que prejudicará ainda mais a saúde fiscal do Brasil. A propósito, a PEC dos precatórios seguiu para a Câmara na semana passada.
Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha afirmado que a PEC não representa calote aos precatórios, os investidores seguem receosos. O medo gira em torno da real capacidade da União em honrar seus compromissos. E os gastos públicos elevam ainda mais a inflação, uma vez que dão mais poder de compra ao consumidor.
Para conter a inflação, o Banco Central eleva a taxa básica de juros do país, a Selic, para desaquecer a economia. Em suma, a Selic puxa consigo os demais juros praticados no país. Contudo, no cenário atual, onde cada um puxa de um lado, tanto a inflação quanto os juros devem continuar subindo.
Dados externos preocupam ainda mais investidores
Além disso, a China encerrou julho com resultados frustrantes em relação à produção industrial e ao varejo. Assim, o mercado começa a perceber que a recuperação econômica global já não apresenta o mesmo ritmo dos meses anteriores. No país asiático, além dos novos surtos de Covid-19, enchentes contribuíram para o resultado pouco expressivo em julho, bem como o inesperado tombo das exportações.
O Japão também divulgou dados do seu Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Nesse caso, o indicador cresceu (0,3%) e evitou que a terceira maior economia do planeta entrasse em recessão técnica. Isso aconteceu quando algum país registra dois resultados trimestrais negativos em sequência, e o PIB do Japão já havia caído no primeiro trimestre (-0,9%).
Momentos de incertezas fazem as bolsas mundiais caírem, porque são períodos em que os investidores não sentem confiança em comprar ações. Como o dia ficou marcado por diversas notícias negativas, a busca por ativos de risco ficou bastante limitada e a bolsa brasileira acabou afundando.
Apenas 17 das 84 ações do Ibovespa sobem nesta segunda
Diante disso, apenas 17 das 84 ações que compõem a carteira do Ibovespa subiram no pregão. Ao todo, entre compras e vendas, movimentaram R$ 23 bilhões, superando a média diária de agosto (R$ 22 bilhões), mas ficando abaixo do giro financeiro de 2021 (R$ 24 bilhões).
A saber, dentre os poucos avanços do dia, os mais expressivos vieram de: Qualicorp ON (3,85%), CPFL Energia ON (2,04%), Suzano ON (1,58%), Bradespar PN (1,38%) e Sabesp ON (1,16%). Por outro lado, os maiores tombos foram de: CVC Brasil ON (-8,56%), Embraer ON (-6,45%), Via Varejo ON (-6,11%), Cogna ON (-6,02%) e Lojas Americanas PN (-5,70%).
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