A Bolívia cortou em 30% as exportações de gás natural liquefeito (GNL) ao Brasil. O vizinho sul-americano afirmou estar insatisfeito com o valor pago pelo item e o contrato em vigor. Aliás, a Bolívia vem tentando renegociar o atual contrato de fornecimento de gás à Petrobras, buscando um preço mais alto.
Diante desse cenário, a Petrobras informou que terá que importar gás natural de outras fontes. O problema é que o preço do produto de outros países é mais alto. Isso quer dizer que a estatal, já pressionada pelo governo federal por causa dos altos preços dos combustíveis, se vê ainda mais sob pressão neste momento.
Em resumo, a Bolívia reduziu as exportações de 20 milhões de metros cúbicos diários para 14 milhões. De acordo com o ministro boliviano dos Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Franklin Molina, o baixo preço pago pela Petrobras pelo insumo estava provocando prejuízo para a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).
“É um dever renegociar as condições deste adendo, porque foi assinado por um governo de fato que não se preocupou com os interesses do Estado (…) A Bolívia procura um melhor preço para o seu gás natural, melhores condições e um melhor mercado”, disse Molina.
Bolsonaro questiona Petrobras sobre corte do gás natural
O presidente Jair Bolsonaro não ficou feliz com a decisão tomada pela Bolívia. Ele disse que há um movimento “orquestrado” por trás da redução das exportações bolivianas. Inclusive, o país elevou o volume do gás natural enviado para a Argentina.
“A Bolívia cortou 30% do nosso gás [natural] para entregar para a Argentina. Como agiu a Petrobras nessa questão também? Parece que é tudo orquestrado“, disse Bolsonaro a apoiadores na última segunda-feira (23), na saída do Palácio da Alvorada.
GNL ficará mais caro para os brasileiros?
A saber, a guerra na Ucrânia já vem elevando os preços do GNL devido às dificuldades no transporte e à redução da oferta. Isso está fazendo os países europeus buscarem alternativas, uma vez que a Rússia é um dos maiores produtores e exportadores de gás natural do mundo.
No caso do Brasil, a Petrobras afirmou que terá que aumentar as importações do gás de países como Estados Unidos, Trinidad e Tobago e Catar. Contudo, o transporte do item é bem mais demorado e caro, pois os navios transportam o GNL na forma líquida.
Vale destacar que a Petrobras promoveu o último reajuste nos preços do gás natural no final de abril. Os novos valores ficam em vigor no país até o final de julho, uma vez que os reajustes ocorrem trimestralmente. Então, a expectativa é que os preços se mantenham estáveis até lá.
No entanto, a partir de agosto, a população brasileira poderá sofrer com preços bastante elevados do GNL. Isso só não deverá acontecer se o governo federal intervier e impedir a alta, uma vez que Bolsonaro é pré-candidato à reeleição e está tentando evitar aumento dos preços dos combustíveis até as eleições.
Leia Também: Preço do feijão carioca dispara 21,5% no ano; veja como substitui-lo