Ao dar sua declaração oficial sobre a situação de Cuba, Joe Biden disse nessa quinta-feira (15) que: “Cuba é, infelizmente, um sistema falido e repressivo. Existem várias coisas que nós poderíamos fazer para ajudar a população cubana, mas isso demandaria diferente circunstância ou garantias de colaboração do governo. Por exemplo, poderíamos enviar remessas a Cuba. Nós não vamos fazer isso neste momento, pois é altamente provável de que o governo confiscaria as doses ou partes delas”.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos também explicou que “estaria preparado para entregar uma quantia significativa de vacinas, se eu tivesse certeza de que uma organização internacional estivesse administrando as doses e de que a população realmente teria acesso a elas”. O governo cubano não entrou na coligação internacional de vacinas, COVAX, em que o Estados Unidos participa; por conta disso, o presidente dos EUA disse que mandaria vacinas contra a Covid-19 para Cuba, desde que a distribuição ocorra por um organismo internacional.
Entretanto, a preocupação de Biden é infundada e parece falaciosa: Cuba tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, até melhor e mais eficiente que o dos Estados Unidos. Sendo assim, devido ao histórico do país em cuidar de seu povo, é improvável que as vacinas fossem desviadas.
Os Estados Unidos de Biden contra Cuba
Em contrapartida, o presidente cubano Miguel Diaz-Canel disse que o maior problema do país, até hoje, são os bloqueios econômicos que os Estados Unidos fazem sobre Cuba. Por exemplo, no começo da semana, as redes sociais sofreram restrições em Cuba, de acordo com o monitor NetBlocks. Joe Biden informou que está “considerando se temos a tecnologia necessária para reinstalar o acesso à internet”.
Durante o governo de Barack Obama, Cuba supervisionou a reabertura das embaixadas e a redução de restrições em vigor desde o embargo. Entretanto, com a posse de Donald Trump, o governo americano promulgou as mais restritas medidas contra Cuba em décadas e ainda nomeou o país como apoiador de terrorismo. De qualquer modo, essas políticas taxativas contra o país estão sendo revistas desde a posse de Biden; mesmo assim não dá sinais de que revogará os 243 embargos econômicos aplicados contra Cuba; essas restrições dificultam ou impedem a aquisição de alimentos, medicamentos e máquinas.
Protestos em Cuba
Em 2020, o governo de Miguel Díaz-Canel anunciou prejuízo anual recorde de 9 bilhões de dólares devido às sanções. Sendo assim, era de se esperar que o país não estivesse vivendo seus melhores dias. As maiores manifestações das últimas décadas em Cuba ocorreram na última semana; houve muita revolta contra as reduções de direitos básicos, restrições às liberdades civis e o modo como o governo tem lidado com a pandemia do coronavírus.
Além disso, os representantes de Cuba acusam a Casa Branca de desrespeitar a soberania e a autodeterminação dos povos e reivindicam o cancelamento dos embargos. O diplomata Bruno Rodríguez, durante esta semana, disse que o governo Biden age com cinismo e hipocrisia.
“Crescem os protestos pacíficos em Cuba, a população está exercendo seu direito de reunião para expressar sua preocupação com o aumento de casos e mortes por covid-19 e a escassez de medicamentos. Reconhecemos os esforços do povo cubano na organização de doações para ajudar seus compatriotas”, disse Julie Chung, subsecretária interina para Assuntos do Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado. Ela deu sua declaração em sua conta no Twitter no último dia 04.
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