Mais de R$ 5 bilhões foram emprestados a beneficiários do Auxílio Brasil por meio de empréstimos consignados somente em outubro, segundo dados do Banco Central. Contudo, ao que parece, assim que se passaram as eleições, não está sendo mais liberado o tal consignado, muitas pessoas que estão tentando obter o empréstimo estão tendo o requerimento negado.
“Não só eu, mas várias amigas minhas não conseguiram. E elas também são mulheres sozinhas e com filhos. Infelizmente, isso aí é furada”, relata Maria Elizete de Carvalho, de 61 anos.
Nesse sentido, como ela, muitos outros beneficiários têm a solicitação de consignado negada. Com isso, Cherliane de Carvalho, de 44 anos, diz que tentou contratar o crédito algumas vezes, mas que todas as tentativas foram em vão.
“Minha nora conseguiu, faz um mês. Ela que falou para eu tentar também. Eu fui na semana seguinte e foi negado. Aí duas semanas atrás deu no jornal que eles voltaram a dar [o empréstimo consignado], então eu fui lá tentar de novo”.
Oficialmente as linhas seguem abertas para beneficiários do Auxílio Brasil
Ao que tudo indica, o banco ficou muito mais criterioso na concessão do benefício. Contudo, oficialmente as linhas de consignado para beneficiários do Auxílio Brasil seguem abertas. Assim, diferentemente do que vinha ocorrendo no mês de outubro, a caixa limitou o acesso a partir do início desse mês de novembro.
Com isso, o ministério público solicitou, na última quarta-feira (30), que o tribunal de contas da União (TCU), investigue a gestão da Caixa Econômica Federal, por tais mudanças de critérios na concessão de crédito consignado, coincidentemente logo após a derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL)
Subprocurador geral do MP acusa uso eleitoreiro de consignado
Em uma representação apresentada ao TCU, o subprocurador-geral do MP, Lucas Rocha Furtado, afirmou que houve uso eleitoreiro da proposta e segundo suas próprias palavras tal situação ficou evidente: “A mudança de postura da Caixa apenas reafirma o caráter eleitoreiro da medida adotada pela Caixa Econômica Federal para a concessão de empréstimos consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil”, diz a representação.
Ainda segundo o Subprocurador, é necessário que se entenda por que houve uma mudança tão repentina sobre o consignado logo após a derrota do atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
“O que mudou no período das eleições e o período em que saiu derrotado? Os fatos falam por si! Não há como negar que os indícios se escancaram aos olhos da sociedade e desse Tribunal de Contas, não merecendo, mais uma vez, o arquivamento. Mais uma vez: se antes eram autorizados inúmeros consignados e com extrema agilidade, por que mudou após as eleições?”, questiona o subprocurador.
Além disso, de acordo uma reportagem publicada pela Globo, logo após o segundo turno, a Caixa havia suspendido a concessão de consignados para beneficiários do Auxílio Brasil por 15 dias, alegando problemas no sistema interno do Banco. Nesse sentido, mais uma vez um integrante do Banco, disse que por questões técnicas, a linha está novamente suspensa até o dia 8 de dezembro.