O Banco Mundial alertou o planeta para as consequências da guerra na Ucrânia. De acordo com a entidade financeira, o planeta deverá sofrer o “maior choque de commodities” em 50 anos. E esse cenário projetado será especialmente crítico para as famílias mais pobres do mundo.
Em resumo, o Banco Mundial divulgou suas novas projeções para os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que já está no seu terceiro mês. A organização acredita que os conflitos no leste europeu elevarão os preços de importantes commodities, como o trigo e o milho, de uma maneira que não era vista há décadas.
A saber, as commodities são produtos primários da economia, iguais em todo o mundo e que dão origem a vários outros derivados. Por exemplo, o trigo é uma commodity utilizada em pães, bolos e biscoitos, enquanto o petróleo dá origem à gasolina e ao diesel.
Vale destacar que as cadeias globais de abastecimento já vêm sofrendo nos últimos anos devido à pandemia da Covid-19. Aliás, os preços das commodities chegaram a saltar mais de 50% em 2021.
Com o início da guerra, a situação se agravou, pois tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes produtores e exportadores globais de commodities. Além disso, os conflitos estão reduzindo o ritmo do comércio global, o que provoca um desequilíbrio da oferta e aumento da inflação global.
Mais pobres sofrerão maiores consequências da guerra
Segundo Peter Nagle, coautor do relatório do Banco Mundial, os reajustes nos preços globais estão “começando a ter efeitos econômicos e humanitários muito grandes”. Ele afirmou que as famílias estão sentindo mais fortemente o encarecimento de bens e serviços, que vem elevando cada vez mais o custo de vida no planeta.
“Estamos particularmente preocupados com as famílias mais pobres, já que uma parcela maior da renda delas é gasta em alimentos e energia. Elas são particularmente vulneráveis a esse aumento de preços”, disse Nagle em entrevista à BBC. A saber, ele é economista-sênior do Banco Mundial.
As projeções da organização indicam uma elevação de mais de 50% dos preços da energia. O alívio só deverá vir em 2023 e 2024, mas ainda assim os valores deverão se manter cerca de 15% acima dos preços do ano passado.
O Banco Mundial afirmou que, entre abril de 2020 e março deste ano, houve uma escalada que representa “o maior aumento de 23 meses nos preços da energia desde a subida do preço do petróleo em 1973”. À época, países do Oriente Médio cortaram o fornecimento de petróleo devido ao apoio dos Estados Unidos a Israel. Isso fez o preço do barril disparar em todo o mundo.
Por fim, o Banco Mundial também estima que o trigo fique 42,7% mais caro e que seu preço atinja novos recordes. Aliás, o índice da ONU que mede o preços de alimentos no mundo está em seu nível mais elevado da série histórica, que teve início há 60 anos. Resta torcer para que a guerra chegue logo ao fim.
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