Depois que o Banco Central do Brasil elevou a taxa básica de juros, observando que o ambiente econômico “se deteriorou significativamente”, o Ministério da Economia baixou sua previsão de crescimento do PIB para o ano de 2,1 para 1,5 por cento. Ainda assim, o governo está muito mais otimista do que os mercados. De acordo com o último Relatório Focus, uma pesquisa semanal do Banco Central com as melhores empresas de investimento, a previsão de crescimento médio para o ano é de 0,49%.
Previsão do Banco Central
O Banco Central, por sua vez, prevê um aumento de 1%. E houve um aumento dramático na previsão do Ministério da Economia para o IPCA de fim de ano, passando de 4,7 para 6,55 por cento, bem acima do limite superior da faixa de meta do governo (5 por cento). No final do ano passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a inflação começaria a diminuir este ano. Há uma semana, ele disse que isso só começaria a acontecer em 2023.
Em meio à alta dos preços e ao alto desemprego, as famílias brasileiras registraram queda nos salários líquidos no ano passado. O salário médio mensal foi de R$ 1.149, 8,3% menor do que no ano anterior, de acordo com uma nova pesquisa da empresa Kantar.
Motivos para o corte
De acordo com a Secretaria de Política Econômica do Ministério, o corte se deve a revisões estatísticas derivadas da atualização das contas nacionais de 2019 divulgada em dezembro e a um crescimento menor do que o projetado no segundo semestre de 2021, informa a agência de notícias Xinhua. No ano passado, a indústria e a agricultura foram prejudicadas por gargalos nas cadeias globais de abastecimento e pela maior crise hídrica no Brasil em quase 100 anos.
O desempenho econômico deste ano, segundo o governo, será impulsionado pela expansão do mercado de trabalho, aumento do investimento, setor de serviços mais robusto e continuidade da consolidação fiscal.
Preocupação com a inflação se mantem
O governo revisou sua estimativa de inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, para 6,55% em 2022, ante 4,7% em novembro, mantendo a previsão em 3,25% para 2023. Apesar disso, a inflação nos 12 meses até meados de março subiu para 10,79%, resultado que está longe da meta de fim de ano do Banco Central, refletindo uma dinâmica inflacionária doméstica já complexa, que foi ainda mais impactada pelo aumento nos preços das commodities após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que a inflação deve atingir o pico em abril, enfatizando que o valor de curto prazo será “um pouco maior” do que o esperado pelos formuladores de políticas.
No início deste mês, o Banco Central elevou a taxa básica de juros do país em 100 pontos-base para 11,75%, de uma baixa recorde de 2 de março passado, e sinalizou outro aumento do mesmo tamanho em maio. Isso pode encerrar um ciclo de alta de juros que deve pesar na economia este ano.