O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, informou nesta quinta-feira (16), que elevou as expectativas de inflação para 2021 e 2022 e reduziu as projeções de crescimento econômico para este ano e para o próximo, tendo em vista que os preços ao consumidor continuaram subindo rapidamente.
Em entrevista coletiva, Campos Neto enfatizou que é impossível saber até onde poderá ir a taxa básica de juros, popularmente conhecida como Selic. No entanto, o Banco Central mais que quadruplicou a taxa de juros, indo de 2% para 9,25%, de modo que fosse possível controlar a inflação.
Crescimento da inflação
O Banco Central informou, por meio do seu relatório trimestral de inflação mais recente, que os preços devem subir cerca de 10,2% este ano. O relatório possui resultado diferente ao de três meses atrás, com previsão de 8,5% para 2021, ambos calculados com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Vale frisar que a meta de inflação para 2021 é de 3,75%, sendo assim, se a inflação ficar entre 2,25% e 5,25%, o resultado é considerado aceitável economicamente. No entanto, a projeção realizada pelo Banco Central ultrapassa esse limite.
Fatores que influenciaram no aumento
De acordo com o BC, o crescimento da inflação para este ano é proveniente de alguns fatores, entre eles os preços de energia, alimentos e combustíveis, que empurram a inflação do país para 10,74% nos últimos 12 meses. Para o BC, o aumento dos preços ao consumidor foi ocasionado pelos preços dos combustíveis.
Com a alta do petróleo e a desvalorização do real, houve uma pressão muito grande em relação ao preço da gasolina e do diesel. Como resultado, o etanol subiu 10,53%, o óleo diesel 7,48%, e o gás veicular 4,30%.
“Destacam-se os aumentos já verificados de preços de gasolina, gás de bujão e energia elétrica. Para 2022, a projeção de administrados se reduz significativamente, refletindo principalmente a dissipação dos choques correntes, a bandeira de energia elétrica utilizada e a queda recente no preço do petróleo”, diz o relatório.
Como resultado, o BC também elevou sua projeção de inflação, sendo de 4,7% para 2022 e de 3,2% para 2023. No entanto, apesar do complicado cenário inflacionário brasileiro, Campos Neto afirmou que o BC irá perseguir a meta de inflação até que as expectativas estejam ancoradas, de forma que possa convergir com o intervalo relevante em 2022 e 2023.
Economia afetada
O Banco Central do Brasil reduziu sua projeção de crescimento econômico para 2022 para 1%, que até então era de 2,1%. De acordo com a autoridade monetária, a forte elevação da taxa básica de juros para combater a inflação de dois dígitos, resultou em condições financeiras severas.
Além disso, o aumento da taxa de juros, o alto endividamento das famílias, o crescimento do desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia, tornaram fatores extremamente desfavoráveis para o crescimento econômico do país.
Por essa razão, o Banco Central estima que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4,4% em 2021, abaixo dos 4,7% projetados anteriormente. Uma das razões para a diminuição do PIB tem haver com a ruptura da cadeia global de abastecimento, impactando negativamente na produção industrial.
Em suma, o aumento da inflação no Brasil continua a corroer o poder de compra dos consumidores, aprofunda a crise econômica e cria desafios estruturais complexos, fazendo com que obstáculo econômico seja cada vez mais difícil de ser superado.