Em ata divulgada ontem (7) pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), o Banco Central informou que o risco fiscal pode prejudicar a queda de juros no país. Muito falada no âmbito do governo nos últimos dias, a meta fiscal pode mudar ainda neste ano. Na prática, o governo quer abrir mão de ajustar as contas públicas.
Em meio às discussões fiscais, o governo também anunciou o maior déficit público para um mês de setembro desde 2020, época de pandemia no mundo. Para especialistas, apesar de o Banco Central ter reiterado o ritmo de queda nas próximas reuniões, pode haver problemas com a taxa terminal.
Meta fiscal no radar do Banco Central
A tradicional ata do COPOM, que busca dar mais detalhes sobre a decisão dos juros no país, trouxe informações que podem mudar o futuro do país. Isso porque, segundo o Banco Central, as recentes discussões sobre a meta fiscal podem atrapalhar o ritmo de queda na taxa de juros em 2024.
O BC afirma que essas discussões já afetam a variação dos juros futuros, onde o mercado precifica os juros de 2024 em diante. Essas taxas são importante porque elas servem de base para os empréstimos bancários no país. Na prática, quanto mais tranquilo o cenário dos juros futuros, mais barato tende a ficar o empréstimo aos brasileiros.
No dia do primeiro corte de juros, no dia 2 de agosto, o mercado precificada uma taxa de juros a 10,6% ao ano em janeiro de 2025. Agora, após as recentes discussões, a expectativa subiu para 10,82%. Contudo, na última semana o mercado chegou a prever uma taxa acima de 11%. Para o Banco Central, isso pressiona que a taxa Selic fique mais alta.
Além disso, especialistas ressaltam que o cenário de taxas de juros mais altas nos Estados Unidos pode ser um entrave a mais para uma taxa de juros a 9% no fim de 2024. O Boletim Focus, organizado pelo BC, previa, há 4 semanas, uma taxa de 9% no fim de 2024. Agora ela está em 9,25%.
Governo com maior déficit para setembro desde 2020
Em conjunto com as discussões fiscais, o governo também apresentou dados sobre o orçamento público em setembro de 2020. Os dados apontam que o Banco Central tem razão em estar preocupado com a meta fiscal, segundo analistas.
Isso porque o governo divulgou o maior déficit para as contas públicas desde setembro de 2020. No total, o orçamento público teve um déficit de R$ 18,1 bilhões, interrompendo dois anos consecutivos de superávit no mês.
Segundo o Banco Central, o resultado veio, majoritariamente, por conta dos gastos do governo. Essa categoria apresentou um déficit de R$ 16,5 bilhões. Governos estatais apresentaram prejuízo de R$ 1,1 bilhão e empresas estatais apresentaram um déficit de R$ 500 milhões no mês.
Nos últimos 12 meses, o déficit já soma R$ 101,9 bilhões, o equivalente a 0,97% do PIB. A próxima reunião do COPOM acontece no dia 12 de dezembro. Segundo a ata do Banco Central, haverá uma queda da taxa de juros de 0,5 ponto percentual.