Foi divulgado nesta quinta-feira (11), o índice de Gini pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse é o índice que mede o nível de desigualdade de um determinado local. Em relação ao Brasil, ele apresentou uma queda em 2022, atingindo a marca de 0,518, o menor da série histórica. o Auxílio Brasil foi apontado como um dos motivos dessa queda. Confira mais detalhes abaixo!
Como o índice de Gini funciona
O índice de Gini consiste em um número entre 0 e 1. Assim, o 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm).
O índice no Brasil havia crescido em 2021 para 0,544, até atingir uma baixa em 2022, com a marca de 0,518. Entretanto, o Gini referente ao rendimento médio mensal de todos os trabalhos caiu de 0,499 para 0,486. Assim, ele também atingiu um dos seus menores valores, em relação a média do país e em quase todas as regiões. Sendo assim, podemos afirmar que a desigualdade de rendimentos diminuiu no conjunto da população e também na população ocupada.
Veja o que diz a analista Alessandra Brito, em nota do IBGE:
“A entrada de quase 8 milhões de pessoas na população ocupada puxou a média de rendimento para baixo, mas aparentemente essas pessoas ingressaram no mercado de trabalho recebendo vencimentos com valores similares, o que resultou numa distribuição menos desigual. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores sem carteira e por conta própria aumentou no período, também contribuindo para essa queda no índice de desigualdade”.
O papel do Auxílio Brasil
O Auxílio Brasil, benefício criado durante o governo Bolsonaro teve um papel importante nesse resultado do índice de Gini. Isso pois, em 2021, as mudanças na política de concessão do auxílio emergencial fizeram com que voltasse a aumentar o percentual de domicílios com alguém recebendo Bolsa Família. Entretanto, se reduziu a proporção dos que recebem outros programas sociais (15,4%).
Em 2022, o pagamento do auxílio emergencial foi extinto. Dessa forma, aconteceu a criação do Auxílio Brasil. Sendo assim, isso ajuda a explicar parte do aumento percentual de domicílios recebendo este programa (16,9%). Da mesma maneira, também explica e a redução na categoria “Outros programas sociais” para 1,5%.
Por esse motivo, a categoria de outros programas sociais, que incluía o Auxílio Emergencial, retornou ao seu patamar histórico de menos de 2%.
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Diferenças entre Auxílio Brasil e Bolsa Família
O Novo Bolsa família apresentou um aumento no valor do benefício, em relação ao Auxílio Brasil. Em primeiro lugar, o valor recebido agora é definido com base no tamanha da família, para garantir um sistema mais justo.
Além disso, se confirmou o retorno do adicional de 150 reais por cada criança de até seis anos. Essa é uma excelente notícia para famílias com mais de um filho, e que com certeza possuem muitas despesas relacionadas a cada criança. Dessa forma, esses beneficiários receberão os 600 reais fixos, mais o acréscimo de 150 reais por cada membro da família com menos de seis anos de idade.
Entretanto, algo que deixou de existir é o sistema de premiação para as famílias com crianças e adolescentes que mantém boas notas no estudos ou que se destacam em atividades esportivas. Esse projeto que foi implementado pelo governo de Jair Bolsonaro, era uma parte do chamado Auxílio Brasil.
Outra mudança do novo Bolsa Família em relação ao Auxílio Brasil é que as famílias beneficiárias precisarão volta a cumprir alguns requisitos que se relacionam com a saúde e compromisso escolar. Esses compromissos não eram exigidos durante o governo anterior, mas voltarão de forma fixa.
Sendo assim, se tornará obrigatória a apresentação do calendário de vacinação em dia e acompanhamento do peso de crianças. Também será necessário apresentar o comprovante de matrícula e frequência escolar – requisitos esses que são chamados de condicionalidades.
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Desigualdade no país
Mesmo com a redução no Gini é importante entender que a desigualdade permanece forte no Brasil. Isso se torna perceptível quando observamos alguns dados. Por exemplo, em 2022, o rendimento médio domiciliar per capita do 1% da população que ganha mais era de R$ 17.447. Isso equivale a 32,5 vezes o rendimento médio dos 50% que ganham menos (R$ 537), o que representa uma desigualdade muito grande, ainda que, em 2021, essa razão fosse de 38,4 vezes.
Em outra nota, a analista Alessandra Brito comunicou:
A queda brusca dessa razão para o menor patamar da série histórica reflete um pouco tudo que observamos. Muitas pessoas voltaram para o mercado de trabalho, os muito pobres estão recebendo um auxílio que se compara ao auxílio emergencial em valor, e o 1% mais rico teve uma pequena redução no rendimento.
Assim, percebemos através da pesquisa que a metade da população com os menores rendimentos recebeu, em média, R$ 537. Isso representa uma alta de 18,0% em relação a 2021, ano em que rendimento dessa metade da população chegou ao menor valor da série histórica: R$ 455.
Sendo assim o rendimento domiciliar per capita cresceu em quase toda a distribuição de 2021 para 2022. Entretanto, o rendimento domiciliar per capita cresceu em quase toda a distribuição, mas principalmente na primeira metade. Já o 1% com os maiores rendimentos teve uma perda pequena (-0,3%).
Queda na renda
Após dois anos de pandemia, o rendimento médio mensal domiciliar per capita apresentou uma queda. Entretanto, em 2022, esse rendimento foi de R$ 1.586. Isso demonstra um crescimento de 6,9% em relação a 2021 – ano em que havia atingido o menor valor da série histórica (R$ 1.484).
Assim, o rendimento médio mensal real da população residente com rendimento de todas as fontes foi de R$ 2.533, 2,0% maior que em 2021. Em comparação com o primeiro ano da análise, 2012, o resultado foi 2,6% menor. O de todos os trabalhos ficou em R$ 2.659, caindo 2,1%.
Vale salientar que no caso dos rendimentos médios mensais da categoria Aluguel e arrendamento, o índice caiu de R$ 1.989 em 2021 para R$ 1.755 em 2022. Sendo assim, esse foi o menor valor da série. Esse movimento foi acompanhado pelas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, a última apresentando a maior queda, de R$ 2.261 para R$ 1.815.
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