O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que os candidatos que desejam obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) devem passar por um curso teórico-prático em uma autoescola credenciada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). No entanto, um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados propõe tornar a frequência na autoescola facultativa. Essa proposta tem gerado debates acalorados, levando em consideração aspectos como custos, formação dos condutores e segurança no trânsito.
O Projeto de Lei 4474/2020
O Projeto de Lei 4474/2020, apresentado pelo deputado Kim Kataguiri, sugere que os exames para obtenção da habilitação possam ser realizados por candidatos que não frequentaram autoescolas, tornando os cursos para as categorias A (moto) e B (carro) opcionais. A proposta tem como objetivo principal tornar o acesso à CNH menos burocrático e reduzir os custos para obtenção do documento.
O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em outubro de 2022 e aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, os candidatos que optarem por não frequentar a autoescola poderão realizar os exames diretamente no Detran, sem a necessidade de realizar o curso teórico-prático.
Argumentos a favor da facultatividade da autoescola
Os defensores do projeto argumentam que a frequência na autoescola é uma exigência que encarece o processo para obtenção da CNH. Além disso, afirmam que candidatos que já possuem habilitação em outra categoria já possuem conhecimentos teóricos e práticos suficientes para conduzir veículos, dispensando a necessidade de frequentar novamente a autoescola.
A proposta também visa facilitar o acesso à CNH para pessoas com menor poder aquisitivo, uma vez que o custo do curso em uma autoescola pode ser um obstáculo para muitos candidatos. A possibilidade de realizar os exames diretamente no Detran, eliminando a necessidade de um curso, poderia tornar a habilitação mais acessível a um número maior de pessoas.
Preocupações com a qualidade da formação
Apesar dos argumentos favoráveis à facultatividade da frequência na autoescola, muitos especialistas expressam preocupação com os possíveis impactos negativos dessa medida. Segundo eles, a formação oferecida pelas autoescolas é fundamental para garantir a segurança no trânsito.
As autoescolas oferecem uma formação completa e segura, que inclui aulas teóricas e práticas, além de exames de direção. Essa formação abrange conhecimentos fundamentais sobre legislação de trânsito, sinalização, direção defensiva e prática de direção em diferentes situações. A frequência nas autoescolas é considerada essencial para que os candidatos adquiram habilidades e conhecimentos necessários para se tornarem condutores responsáveis e conscientes.
Risco de acidentes e motoristas inexperientes
Caso a frequência na autoescola se torne facultativa, especialistas acreditam que aumentará o número de motoristas inexperientes nas ruas e estradas do país. A falta de uma formação adequada pode resultar em condutores menos preparados para enfrentar situações de risco no trânsito, o que poderia aumentar a ocorrência de acidentes.
A formação oferecida pelas autoescolas é um importante mecanismo para garantir que os condutores estejam aptos a lidar com imprevistos, respeitem as leis de trânsito e adotem práticas seguras ao dirigir. A falta dessa formação pode comprometer a segurança de todos os usuários das vias, incluindo pedestres, ciclistas e demais motoristas.
Possíveis soluções
Diante do debate sobre a facultatividade da frequência na autoescola, é importante buscar soluções que conciliem a redução de custos e o acesso à CNH com a formação adequada dos condutores. Uma possibilidade seria aprimorar o sistema de formação e avaliação de condutores, garantindo que os exames realizados pelo Detran sejam rigorosos e abranjam todos os conhecimentos necessários para uma condução responsável.
Outra alternativa seria a criação de programas de educação no trânsito mais abrangentes, que possam ser oferecidos de forma gratuita ou a custos reduzidos, visando fornecer aos candidatos os conhecimentos teóricos necessários para a obtenção da CNH. A combinação dessas medidas poderia garantir um equilíbrio entre a acessibilidade à habilitação e a segurança no trânsito.