Na Austrália, a Justiça começou o julgamento de um casal acusado de manter uma escrava e de exercer intencionalmente o direito de propriedade sobre a mulher entre 2007 e 2015. A vítima é uma indiana que foi supostamente escravizada em uma casa do subúrbio de Melbourne, a segunda cidade mais populosa do país. De acordo com a imprensa australiana, marido e esposa compareceram à Suprema Corte local nesta quarta-feira (10) e se declararam inocentes das acusações.
O promotor Richard Maidment disse ao tribunal que o casal “interferiu” na liberdade de escolha, movimento e comunicação da vítima. Além disso, o direito da mulher à cuidados adequados foi “usurpado” e o casal acusado não pagou um salário a ela para cuidar dos três filhos. “Cada um deles exerceu tal grau de controle sobre os direitos e liberdades fundamentais que constituiu um estado de escravidão”, afirmou Maidment.
A Justiça ouviu que o casal conheceu a mulher, que não pôde ser identificada, durante uma visita ao estado indiano de Tamil Nadu. Antes de supostamente viver como escrava, a mulher visitou a Austrália duas vezes para trabalhar para o casal e pôde voltar para casa, na Índia.
Oito anos de escravidão na Austrália
Todavia, as coisas mudaram quando ela voltou à Austrália para uma terceira visita em julho de 2007, e não saiu de lá por oito anos. “A origem de todo o acordo foi que a vítima seria paga. Ela trabalhou muito durante os oito anos inteiros e tudo o que recebeu a título de pagamento na Austrália foram notas de $5 ou $10 aqui e ali no aniversário dela”, sugeriu o promotor.
Enquanto permanecia com o casal, a mulher ficava responsável por cuidar dos três filhos, cozinhar e dobrar roupas. Com o tempo, o contato da suposta escrava com a própria família na Índia tornou-se cada vez mais raro. Conforme a Justiça da Austrália, o casal respondeu os pedidos de devolução da mulher à família com hostilidade.
Em julho de 2015, a mulher caiu no chão do banheiro e precisou de cuidados médicos na unidade terapia intensiva de um hospital de Melbourne. Os paramédicos encontraram a mulher em uma poça da própria urina, tremendo e com uma temperatura de 28,5 graus Celsius. Ela pesava 40 quilos e estava em estado de emagrecimento extremo, de acordo com o promotor Richard Maidment.
O julgamento deve prosseguir durante esta semana na Austrália.