Nesta segunda-feira, a Austrália anunciou a maior reforma no seu setor de defesa desde a Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre os anos de 1939 e 1945. O documento, chamado de Revisão Estratégica de Defesa, irá definir os rumos da estrutura militar das Forças Armadas da Austrália para a próxima década. “Hoje, pela primeira vez em 35 anos, estamos reorientando a missão da Força de Defesa Australina”, afirmou o ministro da Defesa, Richard Marles.
O objetivo do governo é tornar a Austrália mais autossuficiente, mais preparada e segura. “Não podemos cair em velhas suposições. Devemos construir e fortalecer nossa segurança procurando moldar o futuro em vez de esperar que o futuro nos molde”, apontou Albanese. Serão investidos o equivalente a R$65 bilhões nos próximos quatro anos, sendo pelo menos R$27 bilhões em programas de defesa territorial.
Nesse sentido, as mudanças na política militar da Austrália vem após um pacto militar com Washington e Londres, que ainda envolve Japão e Índia em um grupo chamado Quad, mediante ao maior aumento dos exercícios militares por parte de Pequim nos últimos sem que os chineses fornecesse qualquer “transparência ou salvaguardas para a região do Indo-Pacífico”. O primeiro-ministro, Anthony Albanese, afirmou que este “é o mais importante trabalho que fizemos desde o fim da Segunda Guerra”.
Austrália afirma que China ameaça negativamente seus interesses
O aumento dos exercícios militares chineses vem gerando grande insatisfação para a Austrália, que adverte contra o aumento dos “riscos de escalada militar ou erro de cálculo”. “A reivindicação chinesa de soberania sobre o Mar do Sul da China ameaça a ordem mundial baseada em regras no Indo-Pacífico de uma forma que impacta negativamente os interesses nacionais da Austrália”, disse o ministro da Defesa, Richard Marles.
Ainda, de acordo com o documento, o maior nível de risco estratégica que a Austrália enfrente atualmente é a possibilidade de um grande conflito na região, chegando a indicar que a autossuficiência militar deve ser combinada com parcerias com aliados e potências-chave da região, como o Japão e a Índia. Além disso, a revisão estratégica do Ministério da Defesa apontou que o reforço militar da China é o maior e mais ambicioso de qualquer país desde a Segunda Guerra Mundial.
Atualmente, a Austrália possui o 12º maior orçamento militar do mundo, tendo gasto US$33,8 bilhões, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres. Embora o plano fale em aumento da despesa militar, além do investimento também terá remanejamento das atuais despesas com as Forças Armadas na Austrália.
Nesse sentido, em termos de gastos militares, a China é o país que mais destina recursos para estes fins na região, tendo gasto US$242 bilhões, sendo o segundo maior gasto do mundo para fins militares. Já os Estados Unidos, o país que mais gasta com as forças militares, teve gastos três vezes maior que a China. Por outro lado, o Reino Unido gastou US$70 bilhões, sendo o quarto país em gastos militares em um ranking que a Rússia ocupa o terceiro lugar atualmente.