O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou os juros básicos do país em 1,5 ponto percentual na semana passada. A saber, esse foi o maior avanço dos juros desde dezembro de 2002. Isso fez a taxa Selic subir para o maior nível em três anos. Aliás, o aumento superou as projeções de economistas, que acreditavam em um avanço de 1,25 ponto percentual.
Seja como for, a Ata da última reunião revelou que o Copom considerou cenários com “ritmos de ajuste maiores na taxa básica de juros” do que o anunciado. Isso mostra que o BC não irá relutar para elevar ainda mais a Selic, visto que a taxa é o principal instrumento do banco para conter o avanço da inflação no Brasil.
“Prevaleceu, no entanto, a visão de que trajetórias de aperto da política monetária com passos de 1,50 ponto percentual [anunciado pelo BC], considerando taxas terminais diferentes, são consistentes, neste momento, com a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a atual assimetria no balanço de riscos”, dizia a Ata.
Em resumo, o Copom refletiu que a inflação no país segue se mantendo em nível mais elevado que o esperado. “A alta dos preços está mais disseminada e abrange também componentes mais associados à inflação subjacente”, acrescentou o órgão.
Ata também traz reflexões sobre questões fiscais do Brasil
Durante a reunião, os membros do Copom também fizeram questionamentos sobre o futuro da saúde fiscal do Brasil. Atualmente, com o novo programa do governo federal, o Auxílio Brasil, o mercado se mostra cada vez mais temeroso com o país. Em suma, o receio é de calote do governo aos credores, uma vez que os gastos públicos só aumentam.
“Esses questionamentos também elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação [elevando-as], aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas”, informou a Ata da reunião.
O Copom também acredita que o segundo semestre deste ano ainda registrará uma retomada econômica do país, “ainda que menos intensa e mais concentrada no setor de serviços”.
“Essa reavaliação reflete o impacto das limitações na oferta de insumos em determinadas cadeias produtivas, que devem perdurar até o próximo ano”, acrescentou o órgão.
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