O deputado federal Arthur do Val (Podemos) desistiu, neste sábado (05), de se candidatar ao governo de São Paulo. A desistência acontece por conta do vazamento de áudios do político proferindo frases machistas sobre mulheres que moram na Ucrânia, país que vive uma guerra por conta da invasão da Rússia.
Na gravação, Arthur do Val disse que as ucranianas “são fáceis, porque elas são pobres”. “Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’. É inacreditável a facilidade”, contou o deputado. As declarações foram feitas enquanto ele esteve na Ucrânia. Na ocasião, ele também comparou a fila de refugiados a uma fila de balada.
“Acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita”, começou o parlamentar. “A fila das refugiadas, irmão. Imagina uma fila de sei lá, de 200 metros ou mais, só deusa. Sem noção, inacreditável, é um bagulho fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, disse.
Após a repercussão, ao chegar ao Brasil neste sábado, o deputado afirmou que tudo não passou de “mal-entendido”. Horas depois, no Instagram, ele anunciou a retirada da candidatura, dizendo que não tem “compromisso com o erro” e que foi “um moleque” ao proferir suas declarações sobre as ucranianas.
“Tive a experiência mais transformadora que já vivi. Vi exemplos de civilidade, coisas incríveis que me transformaram, e isso está sendo colocado como se eu tivesse ido arriscar minha vida para fazer turismo sexual. E por que isso está acontecendo? Pelos áudios. São escrotos? São. São machistas? São. Aquilo é um moleque. Eu estou sendo moleque”, disse Arthur do Val em seu Instagram.
Em nota, o Podemos, partido do deputado, afirmou que as declarações dele foram “gravíssimas e inaceitáveis”. “As declarações do deputado não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro país, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra”, disse a legenda.
Neste sábado, o PT pediu que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) apure a conduta do deputado e decida se houve quebra de decoro. Uma eventual condenação pode levar à cassação do parlamentar.
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