Vários manifestantes invadiram o prédio do governo da Armênia para exigir a renúncia do primeiro-ministro Nikol Pashinyan. O grupo ocupou o prédio no centro da capital Yerevan nesta segunda-feira (1º), gritando palavras de ordem, mas saiu pouco depois sem qualquer violência, conforme a mídia local.
As tensões políticas na Armênia aumentaram quando os partidários do primeiro-ministro e a oposição planejaram protestos ao mesmo tempo na capital. Pashinyan tem enfrentado exigências da oposição para renunciar desde que assinou um acordo de paz em novembro, que encerrou seis semanas de intensos combates com o Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh.
O acordo mediado pela Rússia fez o Azerbaijão retomar o controle sobre grandes partes de Nagorno-Karabakh além de áreas vizinhas que há muito tempo eram mantidas por forças da Armênia. Mas o gatilho para os eventos recentes foram os comentários feitos por Pashinyan sobre a alegada ineficácia do sistema de mísseis.
A declaração levou os militares a pedir a renúncia do primeiro-ministro, afirmando que “o governo já não é capaz de tomar decisões razoáveis”. Em resposta, Pashinyan demitiu o chefe dos militares, o coronel Onik Gasparyan, e ainda acusa o exército de tentativa de golpe.
A demissão de Gasparyan não foi aprovada pelo presidente da Armênia, Armen Sarkissian, que tem poderes cerimoniais, porém não governa de fato o país. Ele disse que a demissão é inconstitucional.
Quem é o primeiro-ministro da Armênia
Nikol Pashinyan, um ex-jornalista, chegou ao poder depois de liderar massivos protestos de rua em 2018. Na época, as manifestações marcaram a deposição do antecessor e contou com amplo apoio na Armênia, apesar da oposição recente.
O primeiro-ministro defendeu o acordo de paz como uma medida dolorosa, mas necessária, para evitar que o Azerbaijão invadisse toda a região de Nagorno-Karabakh. Os combates com o Azerbaijão, que eclodiram no final de setembro e duraram 44 dias, deixaram mais de 6 mil mortos em ambos os lados.