A abstenção Argentina
O Governo de Alberto Fernandez se absteve na votação ocorrida no âmbito da Organização dos Estados Americanos nesta quarta-feira, 09 de dezembro. A resolução conclui que as eleições ocorridas no domingo (06) foram fraudulentas, e que por isso deveriam ser anuladas.
O documento foi votado e aprovado, apresentando a conclusão de que as fraudes visavam eliminar a única instituição representativa democrática existente no país. O relatório recebeu 21 votos a seu favor e dois votos contrários (México e Bolívia), além de ter havido seis ausências e cinco abstenções, dentre as quais, a da Argentina.
A resolução foi apresentada pelo Governo Brasileiro e contou com o apoio de diversas nações, Canadá, Chile, Colômbia, EUA e até pela própria Venezuela, que é representada na OEA por um delegado de oposição ao Presidente Nicolás Maduro.
O silêncio do governo argentino tem causado algum estranhamento. O que se percebeu no questionamento apresentado pela Alta Comissária para os Direito Humanos da ONU, Michelle Bachelet. Essa, não entendeu tal abstenção diante de um documento em protesto contra as fraudes claras observadas nas eleições venezuelanas.
Do que trata a Resolução:
Primeiramente, o documento rejeita o processo eleitoral fraudulento ocorrido no dia 06 de dezembro de 2020. Não reconhece os resultados do pleito, devido as pressões exercidas pelo Poder Público para que o povo fosse às urnas. No intuito de se aproveitar do boicote realizado pela oposição, e assim conseguir ter a hegemonia completa sobre o sistema político venezuelano.
A resolução também condena a estratégia recorrente do Presidente Nicolás Maduro de tentar acabar com a independência dos três poderes. O que se consolidaria com o resultado dessas eleições em que a oposição se retirou do processo, protestando contra as ilegalidades cometidas pelo governo.
O texto também solicita medidas de segurança em defesa de membros da oposição na Assembleia Nacional da Venezuela, assim como pede o retorno seguro de cidadãos que estão no exílio em decorrência das perseguições perpetradas pelo governo. Por fim, requer a libertação de todos os presos políticos e manifesta solidariedade ao povo Venezuelano.
A recusa Argentina
O Governo Alberto Fernandez tem buscado se afirmar como uma voz dissonante na América do Sul, mostrando independência nas suas atitudes e discursos. Entretanto, esse silêncio pode ser interpretado como um sinal de tolerância ao regime de Nicolás Maduro. Noutra perspectiva, a Argentina não apoia a resolução produzida pelo Governo Brasileiro, com quem existem tantas discordâncias quanto relações comerciais.
Validade das eleições
A posição da Organização dos Estados Americanos não difere muito de outras tomadas ao longo dos últimos anos, o apoio a tentativa do líder oposicionista Juan Guaidó em ascender ao poder por meio de um golpe é uma prova clara disso. Entretanto, o Governo Argentino se absteve, não se posicionou contra o documento, como fizeram México e Bolívia.
O posicionamento do Governo de Alberto Fernandez não deixa claro se está ou não de acordo com as acusações feitas pela OEA, não acusa Nicolás Maduro de liderar uma ditadura, também não protesta contra o intervencionismo americano. A crise continua na Venezuela, valendo ou não as últimas eleições para a Assembleia Nacional.