O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (07) que é contra o aborto. Apesar disso, o ex-chefe do Executivo voltou a afirmar que o tema deve ser discutido como uma questão de saúde pública.
Na quarta-feira (06), assim como publicou o Brasil123, Lula polemizou ao dizer que “mulheres pobres morrem”, enquanto a “madame pode fazer um aborto” na França ou na Alemanha, por exemplo.
“Essa pergunta já chegou para mim umas mil vezes: eu sou contra o aborto, mas é preciso transformar numa política pública. Mesmo eu sendo contra, ele existe, ele se dá com uma pessoa de alto poder aquisitivo, ela vai ao exterior e se trata. E o pobre, como faz?”, disse ele durante uma entrevista à rádio “Jangadeiro BandNews” de Fortaleza, Ceará.
Em outro momento ele afirmou acreditar que “o aborto tem que ter a atenção do Estado, o Estado tem que cuidar dessas pessoas”. “É uma questão de bom senso. Por mais que a lei proíba e a religião não concorde, ele existe, a partir do momento em que a pessoa esteja no processo de aborto, o Estado tem que amparar essa pessoa”, completou o ex-presidente.
Abortos no Brasil
De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), no primeiro semestre de 2020, por exemplo, mais de 80 mil mulheres foram atendidas após passarem por processos malsucedidos de aborto, sejam eles intencionais ou espontâneos.
Segundo o órgão, este número foi 79 vezes maior do que o de interrupções de gravidez previstas pela lei no período: 1.024 abortos legais realizados à época.
‘Munição’ para Bolsonaro
Mais cedo, o Brasil123 publicou a informação de que a opinião de Lula será usada pelos coordenadores da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que planejam pegar a fala do ex-presidente para afastá-lo dos eleitores conservadores.
De acordo com integrantes do PT, a declaração de Lula pegou de surpresa todos no partido. Segundo eles, Lula centraliza sua estratégia e não delega decisões, tampouco debate temas polêmicos que vai abordar em entrevistas, debates e discursos.
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