As enfáticas declarações do chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), contra o Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo contra o ministro Alexandre de Moraes, já causaram os primeiros reflexos em Brasília. Prova disso é que, na noite desta terça-feira (07), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou o cancelamento das sessões desta quarta (08) e quinta (09).
Com a decisão de Pacheco, foram canceladas todas as sessões de comissões, como a CPI da Covid-19, que seriam realizadas nesta semana. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, a medida tem o intuito de dar uma resposta a Bolsonaro, que pela manhã, atacou a democracia, o STF e seus ministros.
“Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse o presidente em Brasília, em um recado claro ao presidente do STF, Luiz Fux, em referência às recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes contra bolsonaristas.
Horas depois, agora na avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro disse que não iria mais respeitar as decisões proferidas por Moraes. “Nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, afirmou.
Ainda durante seu discurso, o chefe do Executivo esbravejou que nunca seria preso e que ou Alexandre de Moraes se enquadra, ou pede para sair do STF. “Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso […] Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade”.
Paralisação do Senado prejudica Bolsonaro
Segundo especialistas, além de servir como um recado de que o Senado está atento às movimentações de Bolsonaro, a paralisação de quarta e quinta prejudicará os interesses do Executivo. Isso porque, na Casa em questão, existem atualmente projetos relevantes de Bolsonaro à espera de análise.
Por fim, as informações também levam a crer que o senador Rodrigo Pacheco teria levado em consideração, na hora de suspender as reuniões dos dois próximos dias, a segurança de senadores e servidores, visto que não é possível prever a reação dos apoiadores do chefe do Executivo, que permanecem acampados em Brasília.
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