A partir dessa quinta-feira (15), os ferroviários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) estarão em greve por tempo indeterminado. De acordo com a categoria, a paralisação afeta as linhas 7-Rubi, 8-Diamante, 9-Esmeralda, 10-Turquesa e o trecho de Guarulhos da linha 13-Jade. Entretanto, as linhas 11-Coral e 12-Safira vão operar normalmente, pois são ligadas a outro grupo sindical, que não fez parte da audiência de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
Protestos contra a greve dos ferroviários
Como sempre, a paralisação não teve boa recepção entre os usuários do transporte público paulistano; um levantamento apontou que cerca de 3 milhões de usuários serão afetados pela greve dos ferroviários. Sendo assim, algumas pessoas arrombaram portões de acesso às catracas da estação da CPTM com chutes e empurrões.
“Preciso ir para Osasco, mas não vou conseguir. Vou perder meu dia de trabalho. A CPTM deveria ter avisado com antecedência que teria a greve, pois a maioria das pessoas que está aqui nem viria perder deu tempo”, afirmou o ajudante de obras Júlio César Santos, 36.
Por conta disso, vandalismo e protestos ocorrem nas primeiras horas de funcionamento do terminal Grajaú da CPTM, na zona sul da capital paulista, nesta quinta-feira (15). Em consequência, várias viaturas policiais ficaram de guarda na saída das estações mais agitadas, tentando conter cerca de 200 pessoas revoltadas com a situação. Os manifestantes tomaram a avenida Belmira Marinho.
“Sabemos que quem está aqui não é vândalo, que quer trabalhar. Mas precisam desobstruir a via. Precisamos pensar que ambulâncias e emergências precisam usam a via”, disse capitão Kleber Oliveira, comandante da Polícia Militar.
A negociação
De modo geral, a reivindicação pede um reajuste salarial e a reposição de 6,22% do pagamento. Houve uma audiência entre os Sindicatos da Sorocabana, de São Paulo e dos Engenheiros de São Paulo e a CPTM, sem acordo. Por esse motivo, o presidente interino do Sindicato da Sorocabana, José Claudinei Messias, disse que “a categoria está cansada de tanto desrespeito e resolveu parar o serviço a partir da 0 hora dessa quinta”.
Os sindicatos também alegaram que a CPTM não reajusta os vencimentos desde 2019 e está atrasando a data-base da nova proposta aos ferroviários. Além disso, a CPTM também não mostrou interesse em negociar o pagamento do PPR (Programa de Participação nos Resultados) do ano passado com o Ministério Público. O PPR já está com duas parcelas já vencidas.
Em contrapartida, a CPTM repudiou a decisão dos sindicatos, alegando em nota oficial que “a companhia tem uma decisão da Justiça do Trabalho que determina a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 100 mil”.
Entretanto, a greve dos ferroviários não durou muito: a circulação de trens voltou ao normal a partir das 17h30 de hoje, embora a linha 9-Esmeralda ainda esteja com problemas. Todas as linhas estarão normais a partir de sexta-feira (16).
Em nota, três sindicatos que representam a categoria afirmaram ter recebido uma proposta diretamente do secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy. Segundo a proposta, serão pagos 50% do plano de participação dos resultados em 10 de agosto, e o restante, com multa, em janeiro de 2022.