Uma matéria publicada neste sábado (09) pelo jornal “O Estado de São Paulo” revelou que os 57 senadores que votaram para que Rodrigo Pacheco (PSD) fosse eleito presidente do Senado, em fevereiro de 2021, receberam pelo menos R$ 2,3 bilhões do “orçamento secreto” ao longo do ano passado.
De acordo com as informações publicadas pelo jornal, esse valor do “orçamento secreto”, emendas do relator-geral que não respeitam critérios de transparência ao destinar recursos da União a parlamentares, foi reservado logo depois que Rodrigo Pacheco foi eleito presidente do Senado.
Segundo a publicação, dos senadores que apoiaram Rodrigo Pacheco, o que mais recebeu verbas foi Marcio Bittar (União Brasil): R$ 460,3 milhões. Atrás dele aparece a senadora Eliane Nogueira (PP), que é suplente do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). Para ela, foram repassados R$ 399,3 milhões.
Além desses, outros parlamentares, como o próprio presidente do Senado, também receberam uma alta quantia. Rodrigo Pacheco, por exemplo, recebeu R$ 180,4 milhões; Daniella Ribeiro (PSB), R$ 115,7 milhões e Fernando Bezerra (MDB), R$ 143,9 milhões.
Para se ter uma ideia da magnitude desses valores, juntos, os 21 senadores que optaram por votar em Simone Tebet (MDB), que hoje é pré-candidata à presidência, e ficou na segunda posição na disputa pela presidência do Senado, receberam “apenas” R$ 130 milhões do “orçamento secreto” em 2021.
A discussão sobre os repasses veio à tona depois que o senador Marcos do Val, durante entrevista ao “Estado de São Paulo”, afirmou ter recebido R$ 50 milhões em emendas do “orçamento secreto” simplesmente por ter apoiado Rodrigo Pacheco.
Segundo o parlamentar, ele ficou sabendo por meio de Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, que iria receber uma “gratidão” pelo apoio ao até então candidato ao Senado caso ele fosse eleito.
“Eu achei até muito para eu encaminhar para o Estado, mas como questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: ‘Mas teve algum critério?’ Ele só falou: ‘Aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início’. ‘Ah, tá, entendi.’ Mas ele falou: ‘Só que o Rodrigo te colocou no critério como se você fosse um líder pela gratidão de você ter ajudado a campanha dele a presidente do Senado’. Eu falei: ‘Poxa, obrigado, não vou negar e vou indicar’”, disse Marcos do Val durante a entrevista.
Rodrigo Pacheco foi eleito presidente do Senado em fevereiro do ano passado. Na ocasião, ele recebeu 57 votos contra 21 de Simone Tebet – três senadores não votaram. Ele ficará à frente da Casa até fevereiro do ano que vem.
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