O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta terça-feira (17) que, em sua opinião, a população nordestina está “cada vez mais se libertando” da “velha política”. A declaração do chefe do Executivo foi feita em Propriá, no Sergipe. Enquanto falava, Bolsonaro estava ao lado de políticos como o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB) – primeiro presidente a sofrer impeachment após a redemocratização brasileira –, uma figura tradicional da política alagoana e que se encaixa na chamada “velha política”.
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“O Nordeste é nosso. Mais do que uma obra entregue hoje aqui, 120 quilômetros de duplicação da BR-101, a satisfação de cada vez mais ver o nosso povo se inteirando e conhecendo a política nacional”, disse Bolsonaro. “Ver cada vez mais o interesse de vocês pelo destino da nossa nação. Vê-los também, cada vez mais, se libertando da velha política brasileira”, afirmou o presidente, completando que pretende fazer um “Brasil diferente” caso seja reeleito neste ano.
Durante o evento, foi feita a inauguração de um trecho de 40 quilômetros de duplicação na rodovia BR-101 entre as cidades sergipanas de Propriá, onde Bolsonaro estava, e Capela, duas cidades que estão localizadas próximas à divisa com Alagoas. O presidente tem tentado aumentar sua popularidade no Nordeste, uma região, segundo as pesquisas eleitorais, que pretende eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste ano.
Bolsonaro e a velha política
Apesar da fala de Bolsonaro contra a “velha política”, o presidente se juntou ao centrão após a vinda da pandemia da Covid-19. O fato é contraditório, pois, em 2018, enquanto almejava a cadeira de presidente, Bolsonaro afirmou que o centrão representava a “velha política” e reunia a “nata do que há de pior” no país.
Todavia, pouco mais de três anos depois das seguidas declarações, Bolsonaro, além de dar espaço ao grupo, elegendo Ciro Nogueira (PP), líder do centrão, ao cargo de ministro da Casa Civil, chegou a dizer que sempre pertenceu à aliança. “Eu sou do centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PTB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois renasceu novamente”, declarou o presidente.
“O tal ‘centrão’, que chamam pejorativamente disso, são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do [Geraldo] Alckmin [PSDB]. E ficou, então, rotulado centrão como algo pejorativo, algo danoso à nação. Não tem nada a ver, eu nasci de lá”, disse o chefe do Executivo na ocasião, demonstrando uma opinião totalmente diferente do que foi pregado em sua campanha eleitoral.
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