Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, falou pela primeira vez depois de sua aposentadoria da vida política há seis meses. O assunto foi a guerra envolvendo a Rússia e a Ucrânia. Em sua fala a ex-chanceler defendeu sua política em relação à Rússia e afirmou que não precisa “pedir desculpas” por ter defendido a diplomacia e o comércio para evitar uma guerra na Ucrânia.
Segundo ela, era de total interesse da Alemanha encontrar um “modus vivendi” com a Rússia para não acabar encontrando um estado de guerra, o que está acontecendo neste momento. Além disso, o desejo dela era que as nações pudessem coexistir, apesar de todas as diferenças entre elas.
Angela Merkel governou a maior economia da Europa durante 16 anos e sempre se posicionou contra guerras. Em diversas vezes foi taxada por adotar essa política, mas segundo ela era uma forma de evitar que o pior pudesse acontecer. Merkel disse também que estava ciente há vários anos da ameaça que o presidente russo, Vladimir Putin, representava para a Ucrânia.
Além disso, Vladimir Putin construiu uma amizade com o antecessor de Angela Merkel, Gerhard Schröder, que se mantém até hoje. No final de 2005, já era claro que Merkel iria destronar o social-democrata Schröder. Numa conversa com Merkel na Embaixada russa em Berlim, Putin prometeu aumentar os laços entre os dois países. Merkel descreveu o diálogo como “muito aberto”, assim nascia uma amizade.
Angela Merkel e suas decisões perante a Rússia
Desde a invasão russa da Ucrânia, a ex-chefe de governo, Angela Merkel, de centro-direita, foi acusada de ter aumentado a dependência europeia da energia russa, especialmente ao promover a construção do gasoduto Nord Stream 2, apesar das reservas de seus parceiros europeus e norte-americanos.
O gasoduto, que tinha a intenção de dobrar a capacidade de fornecimento de gás russo à Alemanha, foi finalmente suspenso desde a agressão russa, sem ter entrado em operação. Por muito tempo, a Alemanha praticou uma política de mão estendida em relação à Rússia, sob a premissa de que o comércio levaria a uma democratização progressiva do país.
Porém, devido a relação comercial que Putin obteve com Angela Merkel, ela não achava que ele mudaria de opinião mesmo durante o conflito.
A NATO 2008
Recentemente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, proferiu grandes críticas a Angela Merkel, devido à decisão da ex-chanceler alemã bloquear a tentativa de adesão de Kiev à NATO, em 2008.
Naquele ano, a alemã, manifestou-se contra o lançamento do processo de adesão à Aliança Atlântica da Ucrânia e da Geórgia, posição partilhada pelo então presidente francês, Nicolas Sarkozy, considerando que ambos os países não eram democracias razoavelmente estáveis.
Segundo Volodimir Zelensky, caso Merkel tivesse autorizado a adesão, a Ucrânia não estaria sofrendo com a guerra que já matou centenas de pessoas e fez com que outras milhares fugissem do país. O conflito já passa de 100 dias e até agora não se sabe até quando a Ucrânia irá aguentar os ataques.