Na semana passada, a defesa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, protocolou no Supremo Tribunal Federal uma petição para entregar a senhas de e-mails e acesso à nuvem do celular que o ex-ministro teria perdido em viagem aos Estados Unidos. A petição com as senhas está em sigilo. Torres está preso preventivamente desde o dia 14 de janeiro devido ao inquérito que apura os atos terroristas de 8 de janeiro, quando golpistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
No entanto, as senhas fornecidos pelo ex-ministro à PF são inválidas e, com isso, a corporação não conseguiu acessar todas as informações do celular. Isso acabou irritando os investigadores, dado que a defesa de Torres afirmou que ele havia concordado em colaborar com a apuração das informações. Com isso, somente parte das informações foram acessadas pelos investigadores, embora as consideradas “importantes” seguirem inacessíveis.
O objetivo da Polícia Federal é verificar as trocas de mensagens de Torres com autoridades do governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro, junto a integrantes do então comitê de reeleição do ex-presidente. Além disso, eles querem verificar se existe alguma informação relacionada à minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro, bem como de informações que o relacionem com as ações da Polícia Rodoviária Federal para dificultar a ida de eleitores aos locais de votação no segundo turno das eleições.
Defesa de Anderson Torres alegou “risco de suicídio” ao pedir liberdade
Nesta última terça-feira, a defesa de Anderson Torres apresentou ao STF um pedido de soltura, alegando que existe um “risco de suicídio” por parte do ex-ministro. Os advogados apresentaram um laudo de uma psiquiatra da rede pública, buscando embasar o pedido de habeas corpus. O laudo da psiquiatra indicou a internação domiciliar ao ex-ministro “com o intuito de conter essas crises e prevenção de suicídio”.
“A psiquiatra da rede pública de saúde, desta vez em laudo confeccionado em 22/04/2023, registrou que: ‘dentro desse contexto, vem aumentando o risco de tentativa de autoextermínio. Ainda com o intuito de conter essas crises e prevenção de suicídio, indico internação domiciliar (melhorar fatores protetores de prevenção)”, apontou a defesa.
Segundo informações, Anderson Torres perdeu 12kg no período em que está preso. Ele havia iniciado um curso de eletricista, buscando ocupar a mente no período de prisão. No entanto, devido ao quadro de apatia e tristeza, ele abandonou o curso. Nesse sentido, o estado de saúde do ex-ministro já havia sido levado ao Supremo Tribunal Federal anteriormente. Seus advogados afirmaram que ele “chora constantemente” e está em um estado “de tristeza profunda” sem ver as filhas desde o momento em que foi preso.
O relator do pedido de habeas corpus de Anderson Torres será o ministro Luís Roberto Barroso. No pedido, a defesa questionou o fato de Alexandre de Moraes ter negado, na semana passada, um outro pedido de liberdade, que continha um pedido parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. Na época, a PGR havia defendido que o ex-ministro fosse colocado em liberdade provisória, mas com medidas cautelares alternativas, como o uso de tornozeleira e a manutenção de seu afastamento das atividades de delgado da Polícia Federal.