Após muitos meses balançando no cargo, finalmente o Presidente da República decidiu demitir o Ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL) nesta quarta-feira (09).
A causa da demissão
Diversos veículos da imprensa brasileira atribuem a decisão tão protelada a uma mensagem enviada pelo Ministro em um grupo de WhatsApp. As informações obtidas até agora revelam que Marcelo Álvaro Antônio entrou em conflito com o colega Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria de Governo, e homem de confiança do presidente.
A demissão não se limita à queda de braço entre o Ministro do Turismo e o Ministro da Secretaria de Governo. Também não se restringe aos embates recorrentes entre os segmentos militar e civil que disputam espaço no Governo do Presidente Jair Bolsonaro. O pano de fundo dessa mudança é a eleição para a presidência da Câmara, na qual a presidência busca assumir o controle da casa e reduzir a influência de Rodrigo Maia (DEM), ocupante atual do cargo.
Quem ganha e quem perde?
Jair Bolsonaro sai fortalecido da situação. Posto que demitiu um ministro acusado de crimes eleitorais. Estando envolvido no famoso caso das candidaturas laranjas em Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio foi eleito Deputado Federal em 2018 nesse estado. Tal vitória ocorreu na esteira do crescimento do seu partido (PSL), decorrente do sucesso eleitoral do Bolsonarismo.
O presidente consegue também liberar um cargo de primeiro escalão, abrindo espaço para a entrada de algum aliado político no governo. O que será muito útil para barganhar votos para o seu apoiado na eleição que definirá os presidentes das duas câmaras legislativas brasileiras.
Para Marcelo Álvaro Antônio, que estava licenciado do seu cargo de Deputado Federal, os ricos vencimentos e o foro privilegiado estão mantidos. Não há perdedores nesse caso. Contudo, mais uma vez evidencia-se que discussões em grupos de mensagens e desapreços pessoais parecem pesar mais nas decisões presidenciais, que a competência, o desempenho e até mesmo a legalidade das ações. Afinal, acusações de corrupção e crimes eleitorais não foram suficientes para derrubar tal ministro.
Turismo no Brasil
Enquanto a reforma ministerial não acontece, quem deve assumir o cargo de maneira provisória é o atual presidente da Embratur, Gilson Machado, que não terá muito tempo para elaborar ou executar políticas públicas que fortaleçam o setor tão combalido pela pandemia. Porque o cargo de Ministro do Turismo parece reservado a uma outra função, a de acomodar algum aliado que fortaleça a presença do Palácio do Planalto dentro do congresso brasileiro.
Enquanto isso, a falta de planejamento e de gestão da pandemia, assim como a fragilização das políticas nacionais de turismo, enfraquecem o segmento que tanto atrai recursos estrangeiros para dentro do território brasileiro.