Nesta sexta-feira (25), o ex-banqueiro João Amoêdo anunciou que pediu sua desfiliação do partido Novo, fundado por ele próprio em 2011. O candidato à Presidência da República em 2018 disse que o partido “não existe mais”. Além disso, Amoêdo já declarou que não se sente mais representado pelos valores da legenda.
“Hoje, com muito pesar, me desfilio do partido que fundei, financiei e para o qual trabalhei desde 2010. Deixo um agradecimento especial a todos que fizeram parte desse time que com dedicação, humildade e determinação transformaram em realidade o que parecia ser impossível”, disse Amoêdo, em seu Twitter.
“O Novo atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia”, disse Amoêdo.
A desfiliação por parte de Amoêdo ocorre após as críticas que recebeu dentro de seu próprio partido após ter declarado voto, no segundo turno, ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que concorria ao pleito com o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição.
“Chegamos a um momento em que a discussão nem é mais corrupção, mas sobre você ter o direito de ser oposição, de estar em um Estado Democrático de fato. Nessa visão, Bolsonaro me preocupa muito por todas as declarações que ele faz, inclusive, sobre o Supremo Tribunal Federal. Acho que ele é uma pessoa que se mostrou não só um péssimo gestor, mas muito autocrático”, disse Amoêdo em outubro.
Ex-partido de Amoêdo, Novo afirmou ser contra Lula e o PT
Em outubro, o partido novo havia dito ser contra PT e o lulismo, contudo, liberou seus aliados e eleitores a votar no segundo de acordo com a sua “consciência” e “princípios partidários”. “O Novo trabalhou muito para oferecer aos brasileiros uma alternativa contra a polarização entre Lula e Bolsonaro, mas infelizmente, sem sucesso”, disse uma nota da época, ao comentar sobre o candidato do partido à presidência, Felipe D´Ávila.
“Diante do cenário eleitoral do segundo turno, o partido se vê na obrigação de reforçar seu posicionamento institucional histórico, totalmente contrário ao PT, ao lulismo e a tudo que eles representam, e libera seus filiados, dirigentes e mandatários, para declararem seus votos e manifestarem seu apoio de acordo com sua consciência e com os valores e princípios partidários”, completou a nota do Novo.
Na época, após Amoêdo ter anunciado voto em Lula, o Novo soltou uma declaração. “A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020”, disse a legenda.
Lula chegou a se manifestar sobre a situação de Amoêdo, destacando a necessidade de haver respeito às divergências ideológicas. “A gente pode ter muitas discordâncias. Mas, acima disso, está o respeito ao direito de discordar”, disse o presidente eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva.