A crise na Americanas, uma das maiores empresas varejistas do mercado brasileiro, não preocupa somente acionistas da empresa. A verdade é que, neste contexto, os mais afetados são os funcionários, que não possuem muitas informações sobre qual será o rumo da companhia e, com isso, estão trabalhando com o temor da demissão. Somente de trabalhadores diretos, a Americanas possui 40 mil funcionários, além de outros trabalhadores indiretos.
Nesse sentido, muitos vêm se questionando se o Governo Federal deverá intervir para garantir a preservação de empregos dos trabalhadores da companhia. Inclusive, nesta segunda-feira (30), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), disse em um encontro com representantes das centrais sindicais e de sindicatos de comerciários, que o governo federal “não tem uma saída” para a crise na Americanas.
Durante sua fala, o ministro se disse preocupado com a preservação de empregos dos mais de 40 mil funcionários das Americanas. Além disso, ele falou que pretende “ouvir” as centrais sindicais sobre a situação da empresa, bem como as “estratégias por parte dos trabalhadores”. “Não temos uma saída para apresentar a vocês, mas vamos pensar juntos, ouvir”, disse o ministro.
“Este é um assunto que preocupa muito. Nós estamos iniciando o governo, trabalhando de forma intensa, e o tema trabalho e emprego é estratégico, importante e faz parte das nossas prioridades”, disse Luiz Marinho. O ministro também afirmou que “o problema dos bancos não pode ser maior do que o tema trabalho e emprego”, se referindo as possíveis demissões nas Americanas.
Americanas deve R$1,8 bilhão em tributos para União e Estados
As obrigações que serão incluídas no plano de recuperação judicial das Americanas, totalizam R$43 bilhões em dívidas, e, além disso, a empresa possui uma carga bastante relevante, relacionada a tributos a serem pagos para diversas camadas do Executivo. A atual dívida com a União, São Paulo e Rio de Janeiro somam aproximadamente R$1,8 bilhão, de acordo com dados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e das secretarias de fazenda de ambos os estados.
É importante lembrar que a dívida fiscal não é incluída no plano de recuperação judicial. Após o plano ter sido aprovado, a Americanas terá várias maneiras de abater seus débitos com o Fisco, como o parcelamento em até 145 vezes e a redução em até 70% de determinadas multas, no entanto, para tal, é necessário cumprir com alguns requisitos.
Atualmente, a maior dívida fiscal em aberto da Americanas é com São Paulo, totalizando R$965 milhões. Em seguida, a segunda maior dívida fiscal da empresa é com a União em um valor de R$632 milhões. Já a terceira maior dívida é com o Rio de Janeiro, totalizando R$225 milhões.
A Americanas teve sua crise iniciada poucos dias após Sérgio Rial assumir a presidência da varejista. Neste período, o ex-presidente identificou uma série de inconsistências contábeis que totalizavam, inicialmente, R$20 bilhões em dívidas, fazendo com que o valor de mercado da empresa despencasse e gerasse uma série de preocupações por parte de acionistas, trabalhadores e a economia como um todo.