A lojas Americanas revelou nesta quinta-feira (27), em um relatório enviado aos seus investigadores e relatando sobre a sua recuperação judicial, que demitiu 1.404 funcionários entre os dias 17 e 24 de julho. Com essas novas demissões, o número de funcionários da empresa caiu a 35.741 – conforme o documento, também foi fechada uma loja que ficava localizada no estado do Mato Grosso, mais precisamente na cidade de Campo Grande – agora, a base de pontos físicos de venda da empresa caiu a 1.825 no país.
CPI das Americanas: CEO admite fraude
De acordo com a Americanas, a empresa “segue com foco na manutenção de suas operações e no aumento de sua eficiência”. Em janeiro deste ano, assim como publicou o Brasil123, a Americanas comunicava ao mercado que havia detectado inconsistências em lançamentos contábeis estimadas em R$ 20 bilhões, com data-base de 30 de setembro de 2022.
Este foi o começo da que se transformou na considerada a maior fraude da história corporativa do Brasil e que acabaria abalando o mercado nos meses subsequentes. Na época em que o escândalo veio à tona, as ações da varejista despencaram quase 80%, com perda estimada de US$ 8 bilhões em valor de mercado.
Na ocasião, acionistas denunciavam a companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar responsabilidades da empresa de auditoria PwC. Enquanto isso, a varejista buscou estabelecer um comitê de apuração interna.
No balanço, as inconsistências detectadas deveriam levar a uma dívida da ordem de R$ 40 bilhões. Por conta disso, a varejista precisou ir para a justiça tentar evitar o bloqueio de ativos e cobranças de credores, pedido este que foi aceito e continua em vigor até o momento.
Em entrevista ao canal “CNN Brasil”, Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, destacou que o momento ainda não é bom para a empresa, que ainda deve anunciar o fechamento de outras lojas.
“No digital, temos um faturamento de R$ 1,2 bilhão em dezembro de 2022 contra apenas R$ 100 milhões em abril de 2023. Isso representa uma queda muito expressiva, de 90%”, explica o analista, completando que “a Americanas tinha quase duas mil lojas, não tem como ter isso tudo com uma dívida desse tamanho e em meio de um processo de recuperação judicial”.
“Ela já fechou lojas e ainda vai ter que fechar muito mais”, relata ele, que explica, todavia, que a situação tem evoluído, existindo, inclusive, a previsão de que ocorra uma assembleia em agosto e comece a aprovação do plano de reestruturação da companhia.
Leia também: Mais de 70% das empresas criadas em abril são MEIs