Nesta terça-feira (13), a Americanas assumiu, pela primeira vez, que a antiga diretoria da empresa vinha fraudando as demonstrações financeiras da companhia. O relatório de assessores jurídicos foi apresentado ao conselho de administração da companhia, que se encontra em recuperação judicial. Os efeitos dos ajustes decorrentes das fraudes nos resultados da companhia ao longo do tempo ainda vem sendo apurado e a empresa acredita que o impacto nos resultados mais recentes sejam mais relevantes. A fraude nos resultados financeiros trouxe uma crise para a Americanas.
O relatório apresentado é baseado em documentos entregues pelo comitê de investigação independente e documentos complementares identificados pela administração, bem como assessores após reuniões realizadas com o comitê. Um outro ponto é que o documento entregue indica a participação do ex-presidente executivo, Miguel Gutierrez, na fraude. Também há indícios da participação de outros diretores na fraude dos resultados.
Documento explica como a fraude funcionava
O comunicado da Americanas hoje explicou de forma mais detalhada como funcionava o esquema fraudulento praticado por antigos diretores. De forma resumida, eles utilizavam um instrumento financeiro para melhorar os resultados operacionais da companhia de forma artificial, gerando redução de custos. Contudo, tais instrumentos não tinham lastro financeiro e seu saldo era de R$21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022.
Para piorar a situação, o relatório apontou que a antiga diretoria, buscando gerar o caixa necessário para manter as operações das Americanas, contratou uma série de financiamentos nos quais a companhia é “devedor sem as devidas aprovações societárias”. Segundo o documento, todos os financiamentos foram contabilizadas de forma inadequada no balanço patrimonial na conta fornecedores e que, devido a isso, não foi possível “a correta determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do tempo”.
CEO da Americanas diz que existem indícios de participação da PwC e KPMG em fraude
O atual CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira apresentou à CPI que investiga a fraude contábil na companhia, e-mails e troca de mensagens com supostas provas de que os balanços foram intencionalmente fraudados para inflar os lucros de forma artificial. Segundo ele, existem indícios da participação das empresas de auditoria PwC e KPMG. “Essas informações não me permitem tratar [o caso] como inconsistências contábeis”, disse Pereira na CPI.
Leonardo apresentou uma troca de e-mails com a KPMG nos quais a carta final com as recomendações da auditoria é discutida buscando uma versão final. Nessa discussão, a auditoria substituiu recomendações para o conselho de administração por “recomendações que merecem atenção da administração”, diminuindo o grau do problema e dando a entender que estes não precisavam ser levados para o conselho.
Já em outros documentos, o CEO apontou que uma “carta que dá indícios de que a PwC [empresa de auditoria] estava indicando como escrever texto em que o tema risco sacado [mecanismo utilizado para operacionalizar a fraude] não ficasse claro”. No entanto, o CEO ponderou que as informações precisavam de mais contexto, dado que documentos falsificados foram apresentados para ambas as empresas de auditorias.