Nesta quarta-feira (1) foi divulgado que a Ambev estaria com o mesmo problema da Americanas: um rombo de R$ 30 bilhões. A informação logo teve efeito no mercado financeiro brasileiro, causando uma queda de 3,5% nas ações da empresa na Bolsa de Valores.
A informação sobre o rombo na Ambev foi divulgada pela coluna Radar Econômico, da Veja, que publicou o estudo feito pela consultoria AC Lacerda, a pedido da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Segundo a publicação, a dívida se deve à manobras tributárias feitas por empresas de bebidas, que estão em segredo de Justiça.
O estudo indica que: “as empresas produtoras de bebidas dentro da ZFM (Zona Franca de Manaus) aumentam indevidamente os créditos recebidos através de manobras ilícitas, como superfaturamento das matérias-primas e utilização de insumos não provenientes da Região Norte (objeto do incentivo) e advindas de outras regiões do País e mesmo do exterior”.
Sendo assim, de acordo com o levantamento, estas empresas estariam acumulando mais créditos tributários do que deveriam, resultando em uma margem de lucro maior e desfalque na arrecadação do governo. “A dúvida é como esse contencioso tributário será reportado nos resultados financeiros da Ambev. Não queremos ter (no setor) o mesmo problema que houve na Americanas, que afetou acionistas, fornecedores e funcionários”, afirmou o diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni.
Segundo o economista André Paiva, da consultoria AC, o rombo de R$ 30 bilhões corresponde a toda a indústria de bebidas frias da Zona Franca de Manaus e, apesar da Ambev fazer parte do grupo, não se sabe o valor específico da cervejaria.
Apesar de ter causado impacto no mercado financeiro brasileiro, o possível “rombo” na Ambev é encarado por analistas como exagero. Conforme um especialista ouvido pelo InfoMoney, mesmo se o valor estivesse correto, um “rombo de R$ 30 bilhões” não quebraria a Ambev, que segundo ele é “muito maior” que a Americanas.
A empresa já estava com um desempenho negativo no mercado financeiro, por estar associada à Americanas através do trio de acionistas Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles. Dessa forma, a nova queda nas ações, se deve ao impacto gerado pelo “caso Americanas”, conforme apontam especialistas.
De acordo com as informações divulgadas, portanto, o possível “rombo” é, na verdade, uma antiga discussão sobre créditos tributários gerados por empresas que produzem na região da Zona Franca de Manaus. O assunto é abordado há anos pela Receita Federal.
Ambev se manifesta sobre o assunto em comunicado oficial
Logo após a divulgação de um possível rombo de R$ 30 bilhões na Ambev, a empresa fabricante de bebidas, se manifestou sobre o assunto afirmando que “as acusações da CervBrasil não têm qualquer embasamento”.
Através de comunicado oficial, a Ambev refutou o estudo da consultoria AC Lacerta e destacou que os créditos tributários são calculados de acordo com a legislação vigente. “Nossas demonstrações financeiras cumprem com todas as regras regulatórias e contábeis, as quais incluem a transparência do contencioso tributário. A Ambev está entre as 5 maiores pagadores de impostos no Brasil”, ressaltou a empresa.
O assunto já havia sido abordado por especialistas e bancos, como o BTG Pactual, que encararam a situação como “exagero”. De acordo com os analistas do BTG Thiago Duarte e Henrique Brustolin a dívida tributária da Ambev é “indiscutivelmente menor”.