A cidade de Berlim tem se popularizado cada vez mais devido à procura pelas atrações artísticas, atmosfera liberal e empenho tecnológico. No apanhado dos últimos anos, a cidade conquistou uma média de fluxo de 60 mil pessoas ao ano, embora o Deutsche Bank declare que a população de Berlim deve dar um salto para 4 milhões de habitantes até 2030.
No entanto, o número de habitantes não é o único que terá um salto expressivo. Isso porque, a capital alemã já registrou um aumento abusivo no preço dos aluguéis em 13,3% de acordo com um levantamento feito pela imobiliária Guthmann. Em comparação com 2020, a média atingida foi de 13,05 euros, o equivalente a R$ 82 por metro quadrado.
Ao analisar o preço do aluguel de prédios novos, nota-se a alta de 62,6% nos últimos cinco anos. O índice observado nos demais edifícios é de 37,4%. Um outro estudo foi feito pelo site de imóveis, Immowelt, que conseguiu identificar um aumento de 42% nos últimos cinco anos. Isso quer dizer que a média de 9 euros por metro quadrado, passou para 12,80 euros, o correspondente a R$ 57 e R$ 81, respectivamente.
Ainda que os preços tenham sido considerados como práticas abusivas, a cidade de Berlim ainda fica atrás da capital francesa, Paris, cujo metro quadrado vale 28,60 euros. Em segundo lugar está Londres cobrando 26,07 euros por metro quadrado e Bruxelas por 13,93. Os locais em que o preço do metro quadrado do aluguel aparentam ser mais acessíveis é em Viena com 8,65 euros e Budapeste por 9,76 euros. O apanhado foi feito pela consultoria Deloitte.
Governos da cidade-estado elencaram o preço do aluguel como um dos principais temas de debates. Durante o pleito eleitoral de Berlim, que aconteceu no último domingo, 26, 56,4% dos berlinenses, cerca de um milhão de pessoas, votaram a favor de expropriar propriedades residenciais de grandes empresas por meio de um referendo que conseguiu coletar mais de 170 mil assinaturas até chegar às urnas. Enquanto isso, outros 39% votaram contra.
Embora o referendo não seja legalmente vinculante, ele instiga o governo e o Senado de Berlim a elaborarem um Projeto de Lei que propõe a compra de 225 mil imóveis pela administração municipal. O foco do projeto é a estatização, junto a preços abaixo do atual valor praticado no mercado. A aquisição poderia ser feita junto a empresas que possuem mais de três mil unidades habitacionais. É o caso da Deutsche Wohnen, proprietária de 113 mil imóveis residenciais na capital alemã.
Segundo a diretora administrativa-adjunta da Bereliner Mieterverein e.V., a associação de inquilinos de Berlim, em 2020 um referendo foi deixado de lado pela cidade. ” Isto não será possível neste caso, pois uma clara maioria dos berlinenses se pronunciou a favor desta linha de ação”, afirmou a diretora.
Werner ressalta que se o governo local rejeitar o referendo novamente, será gerado um grande ressentimento entre o eleitorado e uma nova campanha em prol de outro referendo que coloque em risco o julgamento por uma lei concreta voltada à socialização.
Ao considerar uma população de mais de 3,6 milhões de habitantes onde, mais de um milhão de votos se posicionaram a favor da proposta, colocará o Senado sob pressão política, com o propósito de obter uma reação a curto prazo, mas que seja efetiva e eficaz. Pelo menos, é este o entendimento do especialista em Direito Constitucional e Administrativo da Universidade Livre de Berlim, Christian Pertalozza.