Lewis Carroll foi extremamente modesto sobre sua obra-prima Alice no País das Maravilhas. A menina passa uma hora embaixo da terra, encontrando vários seres, mas que tudo não passa de um sonho. Porém, isso só é revelado no final. Após anos, o conto de Carroll ainda inspira muitas obras de arte.
Mas o que poucos sabem é como a história contribuiu para a compreensão do cérebro humano. Não só para a psicanálise freudiana, porém, para a neurociência moderna. É que, muito antes de ter a tecnologia para mapear o “país das maravilhas” do cérebro, Carroll já estava traçando seus contornos com seus experimentos mentais.
Alice no País das Maravilhas explora muitas ideias sobre se existe um eu contínuo, como uma pessoa se lembra de coisas do passado e o que ela pensa sobre o futuro. Existe uma riqueza sobre o cognição e ciência cognitiva.
O que Alice no País das Maravilhas explora a mente humana?
Compreender a mente humana é um verdadeiro mistério. Mas o clássico da Disney mostra alguns pontos interessantes sobre o cérebro de uma pessoa. Confira:
‘Beba-me’
“Bem, eu vou comê-lo”, pensou Alice, “e se isso me fizer crescer, posso pegar a chave; se me tornar muito pequena, eu passo por baixo da porta. Então, de qualquer maneira, eu vou para o jardim, e não me importa o que aconteça!” Em uma de suas primeiras aventuras, Alice encontra uma poção com um rótulo que diz “beba-me” e após tomá-la, ela encolhe a meros 25 centímetros de altura. Um bolo mágico, então, tem o efeito oposto. ela cresce tanto que sua cabeça bate no teto. Estas cenas estão entre as mais memoráveis do livro e da adaptação cinematográfica da Disney.
Os diários de Carroll mostram que ele sofria de enxaquecas, episódios que costumam desencadear a síndrome, levando alguns a especular que ele estava usando suas próprias experiências como inspiração. Ela pode ser provocada por uma atividade anormal nos lobos parietais do cérebro, que são responsáveis pela consciência espacial, distorcendo o senso de perspectiva e distância. Mas apesar do fato de que podem ser perturbadoras, essas ilusões passageiras costumam ser geralmente inofensivas.
A Duquesa e o Gato de Cheshire
“Desta vez, não podia haver nenhuma dúvida: ele não era nada mais nada menos que um porco, e ela percebeu o quão absurdo era carregá-lo para qualquer lugar.” O “país das maravilhas” está cheio de personagens que mudam de forma, incluindo Duquesa e seu bebê chorão.
Enquanto Alice o pega nos braços, o nariz do bebê fica mais arrebitado; seus olhos ficam mais próximos e ele começa a grunhir. E assim, antes que ela perceba, o bebê se transforma em um porco. Em outro momento da história, Alice joga croquet usando flamingos como tacos e encontra o sorridente gato de Cheshire, cujo sorriso permanece mesmo quando seu corpo desaparece.
Nos sonhos, objetos se transformam e adquirem com frequência novas identidades, e essa característica é uma das maneiras mais inteligentes pelas quais o autor evocou a mente adormecida nas aventuras de Alice e a estranha sensação de que o tempo está pregando uma peça nela.
Para os neurocientistas, o fenômeno se deve à maneira como o cérebro consolida as memórias enquanto uma pessoa dorme. Ela cimenta as lembranças vinculando-as com outros eventos para construir a história de suas vidas.
Humpty Dumpty e o Jaguadarte
Começa da continuação da obra de Alice no País das Maravilhas, quando Alice lê um poema chamado Jaguadarte era briluz. As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos. Estavam mimsicais as pintalouvas, E os momirratos davam grilvos. “Parece muito bonito”, disse Alice quando terminou, “mas é um pouco difícil de entender”! Alice acertou na mosca: o poema de alguma forma apela para nosso senso de correção gramatical, embora as palavras em si não tenham nenhum sentido.
Os neurocientistas que exploram o maquinário da linguagem hoje usam “frases de Jaguadarte” durante exames de tomografia cerebral, para mostrar que o significado e a gramática são processados de forma totalmente separada no cérebro.
A Rainha Branca e a viagem mental no tempo
“- É uma mísera memória, essa sua, que só funciona para trás, a Rainha observou.
– De que tipo de coisas você se lembra melhor?, Alice se atreveu a perguntar.
– Oh, das que aconteceram daqui a duas semanas, a Rainha respondeu num tom displicente.”
Em sua jornada, Alice trava longas discussões com a Rainha Branca. Ela é uma das criações mais desconcertantes de Carroll, uma personagem que assegura ter uma estranha capacidade de vidência. Na verdade, seus comentários sobre a memória são surpreendentemente visionários.
Uma possibilidade é imaginar o futuro separando da lembranças e juntando-as em uma montagem que pode representar um novo cenário. Deste modo, a memória e a previsão utilizam a mesma “viagem no tempo mental” nas mesmas áreas do cérebro.
Você pode ter pensamentos impossíveis?
– Não adianta tentar, disse Alice.
– Não se pode acreditar em coisas impossíveis.
– Ousaria dizer que você não tem muita prática, respondeu a Rainha. –
Quando eu era da sua idade, sempre praticava meia hora por dia. Algumas vezes, cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã.
Continuando sua exploração da imaginação humana, a Rainha exalta as virtudes de pensar no impossível. As crianças que brincam de faz de conta, por exemplo, e praticam “acreditar no impossível” tendem a desenvolver uma cognição mais avançada.
Entre outras coisas, elas entendem melhor o pensamento hipotético e também as motivações e intenções dos outros. As aventuras de Alice são repletas de encontros surrealistas que podem ajudar qualquer pessoa a exercitar as habilidades do cérebro humano.