Eleitores que votaram em Jair Bolsonaro (sem partido) podem ficar “um pouco” confusos por conta da aliança do governo com o grupo de partidos conhecido como “Centrão”. A afirmação foi feita pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PTRB), nesta sexta-feira (23), durante uma entrevista no Palácio do Planalto.
A constatação de Mourão foi feita depois que jornalistas pediram para que ele comentasse o anúncio de que o senador Ciro Nogueira (PI) será o novo ministro da Casa Civil. O parlamentar em questão é presidente do PP, legenda pertencente ao “Centrão”, grupo famoso por realizar a troca de cargos e verbas federais por apoio ao governo.
Durante as eleições, Bolsonaro se tornou um crítico assíduo do grupo, mas, desde o ano passado, tem se aproximado do agrupamento e agora entregou à aliança um dos principais ministérios do governo.
“O eleitor que é o eleitor do presidente Bolsonaro, vamos dizer assim, que é uma parcela de 25%, 30% da população, ele olha a pessoa, independente do partido em que ele está”, começou Mourão durante a entrevista.
“Agora, a outra parte dos eleitores que também votaram no presidente e, aí foi uma questão mais programática e vamos dizer assim de visão de futuro para o país, esses podem até se sentir um pouco confundido. Isso vai depender obviamente, então, das ações daqui para lá”, acrescentou o vice-presidente.
Bolsonaro afirma que é do “Centrão”
Em 2018, enquanto almejava a cadeira de presidente, Bolsonaro afirmou que o “Centrão” reunia a “nata do que há de pior”’ no país. Todavia, pouco mais de três anos depois das seguidas declarações, Bolsonaro, além de dar espaço ao grupo, afirmou, nesta quinta-feira (22), que pertence à aliança.
“Eu sou do ‘Centrão’. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PTB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois renasceu novamente”, declarou Bolsonaro em entrevista à rádio Banda B.
“O tal ‘Centrão’, que chamam pejorativamente disso, são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do [Geraldo] Alckmin [PSDB]. E ficou, então, rotulado Centrão como algo pejorativo, algo danoso à nação. Não tem nada a ver, eu nasci de lá”, acrescentou o chefe do Executivo, demonstrando uma opinião totalmente diferente do que foi pregado em sua campanha eleitoral.
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