Os aliados do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) estão tentando encorajá-lo a renunciar ao cargo. Segundo a CNN Brasil, o conselho partiu de um general da reserva muito próximo a ele.
Mourão está avaliando se deve renunciar ou não; para ele, esse não é o momento ideal, mas não descarta a possibilidade. O vice-presidente também observou que o governo já o encara como um empecilho e que sua saída abre caminho para o impeachment de Bolsonaro, visto que Lira, responsável por pautar os pedidos de impeachment, seria a figura na linha sucessória para substituir o atual ocupante do Planalto.
Ao que parece, Mourão teria se ofendido com a recente declaração de Bolsonaro, tratando-o como um “cunhado indesejado”. Na ocasião, ele estava em uma viagem ao Peru.
Entretanto, antes de tomar qualquer decisão, o vice planeja ter nos próximos dias uma conversa a sós com Bolsonaro para demonstrar seu incômodo. Boa parte de seu desconforto com a declaração do presidente é que, pouco antes dessa fala, Mourão esteve em reunião com Bolsonaro, sem qualquer indisposição.
Além disso, Mourão também teria conversado com o presidente no final do ano, perguntando sobre seu desempenho, pedindo orientações sobre sua conduta. Nessa conversa, o vice teria afirmado que iria embora se Bolsonaro quisesse, mas o presidente teria dado respostas evasivas. A relação continuou distante desde então.
Bolsonaro, Mourão e a renúncia
“A escolha do meu vice na última foi muito em cima da hora, assim como a composição das bancadas, especialmente da bancada de deputados federais. Muitos parlamentares, depois de ganhar as eleições com o nosso nome, muitos se transformaram em verdadeiros inimigos, muitos não, uma minoria”, disse.
Impeachment
Tal qual outros processos comuns de impeachment, o presidente da Câmara dos Deputados também precisa enviar o pedido de ‘superimpeachment’ para a votação. O atual presidente da Câmara é o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), aliado do governo.
Pela lei, o pedido deve ter o voto de pelo menos dois terços da Câmara para ser enviado ao Senado, onde precisa ser aprovado por maioria simples. Entretanto, Creomar de Souza acredita que Bolsonaro ainda tem aliados em quantidade suficiente para barrar a aprovação. Isso significa que, mesmo se Arthur Lira colocar o pedido em pauta, não há garantia de que o ‘superimpeachment’ saia da Câmara. “Se ele (Lira) coloca esse impeachment em votação e não tem maioria, na verdade ele vai matar o impeachment”, afirma o constitucionalista Wallace Corbo, professor de direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV).