Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva acreditam que ele e sua legenda, o Partido dos Trabalhadores (PT), terão que ceder espaços no governo e ainda retirar vetos a alguns nomes de siglas aliadas para que seja possível a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Transição que, assim como já publicou o Brasil123, tem como foco cumprir promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600.
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De acordo com o jornalista Valdo Cruz, da “Globo News”, interlocutores do presidente acreditam que o PT necessita mostrar que, de fato, cumprirá a promessa feita por Lula, que disse, durante sua campanha eleitoral, que pretende governar como uma frente ampla. Segundo o comunicador, a prova que a promessa será cumprida acontecerá, por exemplo, se não houver veto na indicação da senadora Simone Tebet (MDB) para o futuro Ministério do Desenvolvimento Social.
Valdo Cruz relata que, no Partido dos Trabalhadores, existe uma resistência à indicação de nomes para áreas que a legenda classifica como estratégicas para a sucessão de Lula daqui a quatro anos. Além da pasta de Desenvolvimento Social, outras consideradas estratégicas são ministérios da Fazenda, da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social, além da Casa Civil e da Secretaria de Governo.
“Se o PT quiser ser o dono do jogo, comandando as principais áreas, não vai funcionar. Lula precisa sinalizar desde já que isso não irá acontecer para aprovar a PEC do Bolsa Família”, afirmou um aliado do presidente eleito em entrevista ao jornalista da “Globo News”.
Nesta semana, o governo eleito deve apresentar a PEC do Bolsa Família (o nome que voltará a ser utilizado no lugar de Auxilio Brasil). Nesta segunda-feira (21), Gleisi Hoffmann, presidente do PT, revelou que deve se reunir na próxima quarta-feira (23) com líderes e presidentes dos 14 partidos que apoiaram Lula nas eleições – legendas de oposição também serão chamadas para o encontro.
Conforme a presidente do PT, o foco é conversar sobre a aprovação da proposta, retirando assim o benefício do teto de gastos e fazendo com que o governo possa gastar até R$ 198 bilhões com o Bolsa Família. Hoje, até mesmo aliados do presidente resistem a essa ideia, pois, na visão dessas pessoas, o correto é autorizar um gasto de R$ 70 bilhões para garantir o pagamento adicional de R$ 200 para o Bolsa Família, mais R$ 150 para famílias com filhos até seis anos de idade.
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