A posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acontece somente no dia primeiro de janeiro do próximo ano. Todavia, por conta da polarização instaurada entre ele e o candidato derrotado, o chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), já se discute como será o ato da entrega da faixa presidencial, um dos momentos mais fortes da posse presidencial, que acontece no parlatório do Palácio do Planalto e reúne milhares de pessoas na Praça dos Três Poderes.
De acordo com a jornalista Andreia Sadi, do canal “Globo News”, em informação divulgada nesta quarta-feira (02), um assessor presidencial chegou a sugerir a parlamentares de partidos de centro, no Palácio do Planalto, que a entrega da faixa poderia se feita dentro do Palácio do Planalto, sem gravação e muito menos com a multidão assistindo o ato ao vivo.
Segundo a jornalista, isso seria um refúgio para que Bolsonaro não aparecesse para seus apoiadores mais radicais como alguém que tenha “aceitado a regra do jogo pacificamente”. No entanto, integrantes da cúpula de Bolsonaro sabem que o presidente eleito não aceitaria o ato. Por conta disso, uma outra proposta é fazer com que o vice-presidente Hamilton Mourão, que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, participe e passe a faixa presidencial a Lula.
Conforme Andreia Sadi, essa possibilidade é vista como factível, ainda mais após, assim como publicou o Brasil123, Mourão ter dado declarações favoráveis à transição democrática – no começo da semana, ele chegou a telefonar para Geraldo Alckmin (PSD), vice de Lula e ex-governador de São Paulo, convidando-o a conhecer o Palácio do Jaburu, que é a residência oficial da vice-presidência.
Na terça-feira (01), mais uma vez ao comentar sobre as eleições, Mourão não falou sobre ele entregar a faixa para Lula. Isso porque, na visão do futuro senador do Rio Grande do Sul, ele tem “quase certeza” de que o atual chefe do Executivo cumprirá o protocolo e passará a faixa para o petista. Isso mesmo com a informação de que existe a possibilidade de Bolsonaro sair do país ou pelo menos viajar para fora de Brasília para não ter que cumprir o ritual.
Por fim, importante lembrar que, apesar da confiança de Mourão, Bolsonaro não tem cumprido as tradições. Ao fim das eleições, por exemplo, o candidato derrotado costuma telefonar para o vencedor e ainda conceder uma entrevista comentando sobre o pleito. Após a confirmação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que Lula seria o presidente do Brasil em 2023, todavia, Bolsonaro não telefonou ao adversário e sua primeira declaração foi feita após mais de 48h – na ocasião, ele sequer citou o nome do petista.
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