Alexei Navalny, o principal opositor do presidente russo Vladimir Putin, foi condenado a três anos e meio de prisão nesta terça-feira (2). Ele foi acusado de violar a liberdade condicional após uma sentença anterior porque estava fora do país. Na verdade, Navalny estava internado na Alemanha para receber tratamento após ter sido envenenado, e acusa a atuação dos serviços de segurança russos pela tentativa de homicídio.
Navalny, que afirmou que a sentença foi ditada por motivos políticos, cumprirá dois anos e oito meses de prisão. Isso porque ele já passou pouco menos de um ano em prisão domiciliar.
Em 28 de dezembro, enquanto Navalny ainda estava na Alemanha, a polícia russa ordenou que ele comparecesse no dia seguinte para um check-up, dizendo que se ele não o fizesse, uma ordem de prisão seria emitida contra ele. Navalny, no entanto, ainda estava se recuperando e não apareceu. Por causa dessa alegada violação, as autoridades russas solicitaram ao tribunal que convertesse a pena suspensa contra ele em uma verdadeira pena de prisão.
No julgamento desta terça-feira, portanto, houve um debate sobre o seguinte: se Navalny era legitimamente incapaz de retornar à Rússia. Os advogados tiveram que provar que a condição médica dele o impedia de pegar um avião, enquanto a promotoria alegou que ele poderia retornar e que não queria voltar.
De acordo com a imprensa internacional, o próprio Navalny se defendeu dizendo que primeiro estava em coma, depois em UTI, e que havia enviado documentos atestando a situação clínica o mais rápido possível.
Navalny critica Vladimir Putin
Durante a audiência, Navalny fez um discurso, não apenas relacionado com a própria defesa, mas também em caráter mais político. Ele acusou mais uma vez Vladimir Putin de o ter tentado matar com o veneno usado pelos agentes dos serviços de segurança. “Havia Alexandre, o Libertador, e Jaroslav, o Sábio. Bem, agora teremos Vladimir, o envenenador de cuecas”, afirmou no tribunal.
Navalny disse ainda que a detenção é uma forma de assustar milhões de pessoas e agradeceu “aqueles que lutam e não têm medo”, referindo-se aos que protestaram nos últimos dias para pedir a libertação dele. O opositor de Putin não convidou diretamente as pessoas para irem às ruas, mas disse que milhões de pessoas não podem ser presas.