O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, entraram em defesa de Lula após o presidente realizar um discurso infeliz sobre a economia, em especial em relação a autonomia do Banco Central e regime de metas fiscais.
Entenda o caso
Na última quarta-feira (18), durante entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a independência do Banco Central é “bobagem” e que a atual meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), atrapalha o crescimento da economia.
“A minha divergência é o seguinte, nesse país se brigou muito para ter um BC independente achando que ia melhorar o quê? Sabe, eu posso te dizer com a minha experiência, é uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o BC quando o presidente é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o Meirelles. Duvido. Por que, com o banco independente, a inflação está do jeito que está? Os juros estão do jeito que está?”, questionou.
Como resultado, não demorou muito tempo para que o mercado criasse um temor de o atual governo pudesse ser muito populista, conseguindo mexer nos pilares da economia brasileira.
Defesa dos ministros na autonomia do Banco Central
Alexandre Padilha
Nesta quinta-feira (19), em seu perfil do Twitter, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a autonomia do Banco Central será preservada e que tanto a política monetária quanto a análise macroeconômica são extremamente importantes para o país.
Além disso, Padilha lembrou que nos dois mandatos de Lula, Henrique Meirelles teve de fato autonomia, e agora que há previsão legal isso não vai mudar. “Como disse o presidente Lula, na sua experiência de governo, deu plena autonomia ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido”, escreveu.
Simone Tebet
Em entrevista à Bloomberg, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que a autonomia do Banco Central deve ser respeitada e que um déficit primário de 2% não levaria a um crescimento duradouro do PIB.
Sobre a autonomia do Banco Central
A autonomia do Banco Central entrou em vigor em fevereiro de 2021, após aprovação do Congresso Nacional e sanção do governo. A principal mudança na Lei de Independência do BC é o mandato de 4 anos para os presidentes e diretores da autarquia federal. Sendo assim, os mandatos ocorrem em ciclos, que, por sua vez, não coincidem com o mandato do Presidente da República. Em suma, a autonomia do Banco Central significa que a instituição e seus diretores são livres para conduzir a política monetária sem interferência do governo.