Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (13) que a Corte deve julgar, em cerca de seis meses, pelo menos 250 réus por participação nos atos golpistas de 08 de janeiro. Assim como publicou o Brasil123, na ocasião, apoiadores radiciais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes – STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
De acordo com o ministro, os primeiros a serem julgados são os acusados de crimes mais graves – até o momento, o STF já transformou em réus 1245 investigados por serem autores, iniciadores ou autores intelectuais dos atos. Ao todo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1390 pessoas. Destas, 253 pessoas continuam presas.
“Pelo menos, aproximadamente os 250, que são os crimes mais graves, que estão presos, esses em seis meses, o Supremo vai encerrar”, disse Alexandre de Moraes durante um evento promovido pela revista “Piauí” e pelo site Youtube. Na ocasião, o ministro ainda relatou que tem conversado com a Procuradoria-Geral da República para que as denúncias sejam julgadas em blocos, com 30 acusações por sessão.
As ações penais ainda estão em fase de instrução, isto é, elas estão sendo preparadas. Nesse sentido, a informação é que faltam, por exemplo, a entrega de defesas prévias, tomadas de depoimentos de testemunhas e interrogatórios dos réus – não existe um prazo fixado para o início do julgamento.
Segundo Alexandre de Moraes, ainda no evento, as condutas dos acusados estão devidamente configuradas nas denúncias. “Tem que comprovar que estava no local, participou da depredação e houve a depredação. Não precisa dizer riscou o quadro tal e outro quadro. Isso é histórico no direito penal”, disse ele. Por fim, sobre o assunto, Alexandre de Moraes afirmou que cerca de 40 financiadores dos atos golpistas já foram identificados e estão presos. “Temos de 38 a 42 pessoas presas e as investigações continuam”, disse ele, sem dar mais informações sobre a sua revelação.
Alexandre de Moras defende modelo de indicações para o STF
O ministro ainda foi perguntado sobre o atual modelo de indicação para uma vaga no STF pelo presidente da República. A pergunta acontece porque, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou à Corte Cristiano Zanin, que foi o advogado que o defendeu durante a operação Lava Jato.
“Não é fazer favor pessoal, familiar. É que as pessoas pensam semelhantes. Um presidente de direita não vai colocar, em tese, alguém de esquerda e vice-versa, mas pode até colocar se outros valores ele entender que aquela pessoa tem”, disse o ministro ao defender o modelo.
Ainda na ocasião, Alexandre de Moraes classificou de hipocrisia e “lenda urbana” as críticas por conversas institucionais entre integrantes do STF e políticos. Nesse sentido, ele reforçou que a prática ocorre em todo mundo. “Tem que ser conversa lícita, republicana. Acho que tem muita hipocrisia porque, se você quiser, você conversa pelo WhatsApp e ninguém fica sabendo”, afirmou ele.
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