Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na quinta-feira (07) que a Polícia Federal (PF) deve ouvir o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nos próximos 30 dias, no inquérito que apura se ele interferiu politicamente na instituição.
De acordo com Alexandre de Moraes, Bolsonaro poderá escolher o dia e a hora para ser interrogado, presencialmente, sobre a acusação feita pelo ex-ministro Sergio Moro, que afirmou que o chefe do Executivo teria agido para blindar aliados e familiares de investigações.
A decisão do ministro do STF acontece depois que a Advocacia-Geral da União (AGU), assim como mostrou o Brasil123, informou que Bolsonaro iria prestar seu depoimento pessoalmente.
Essa comunicação da AGU aconteceu, literalmente, alguns minutos antes do começo do julgamento do STF, que iria discutir o modelo do depoimento do presidente, se seria presencial ou por escrito.
Antes de Bolsonaro dizer que iria prestar seu depoimento presencialmente, a AGU defendia que a oitiva do chefe do Executivo deveria acontecer de forma por escrito, o que não foi aceito pelo até então relator do caso, o ministro Celso de Mello, que se aposentou no ano passado.
À época, Celso de Mello, que deixou a relatoria do caso para Alexandre de Moraes, afirmou que Bolsonaro só teria a prerrogativa de depor por escrito se figurasse como testemunha no inquérito. Todavia, neste caso em específico, o presidente é um investigado.
Sinal do presidente
De acordo com as informações, a atitude de Bolsonaro em dizer que irá depor presencialmente é um aceno do presidente de que ele não pretende criar nenhum novo atrito com o STF. Já para os ministros da Corte, segundo uma matéria da “TV Globo”, a atitude de Bolsonaro aconteceu porque ele já estava ciente de que a maioria dos membros do Supremo decidiriam que ele teria de prestar esclarecimentos de forma presencial a um delegado.
Investigação contra Bolsonaro
As investigações sobre uma possível interferência do presidente da PF foram iniciadas em maio de 2020, depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusou Bolsonaro de tentar pressioná-lo para que ele substituísse o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, pelo diretor da Abin, Alexandre Ramagem, um nome próximo da família presidencial.
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