Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), deu dez dias para que Márcio Nunes, diretor-geral da Polícia Federal (PF), manifeste-se por conta do pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede), que foi à Corte tentar barrar que as trocas de delegados em diretorias estratégicas da corporação ocorram sem que haja uma autorização judicial.
Em seu pedido, Randolfe Rodrigues pediu para que essas mudanças sejam feitas somente com autorização até que os inquéritos contra autoridades com foro privilegiado, como o presidente Jair Bolsonaro (PL), sejam concluídos.
Para ele, esse ato de barrar as trocas seriam uma “decisão importantíssima para evitar as interferências indevidas de Bolsonaro na PF, que segue tentando se blindar e proteger sua família às custas do interesse público!”. “Não podemos deixar que uma polícia de Estado se transforme numa polícia política”, disse.
Em março deste ano, Caio Rodrigo Pellim, delegado superintendente regional da Polícia Federal no Ceará desde 2021, foi nomeado para ser o substituto de Luiz Flávio Zampronha na direção do setor de Investigação e Combate à Corrupção do órgão.
O departamento em questão é responsável por auxiliar o departamento que atua na Coordenação de Inquéritos, estrutura que cuida de investigações em curso no STF contra políticos com foro privilegiado, como é o caso de Jair Bolsonaro.
A mudança em questão aconteceu após o governo federal trocar a direção-geral da PF. Na ocasião, o delegado Paulo Maiurino foi substituído por Márcio Nunes, que era secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Hoje, a Coordenação de Inquéritos da Polícia Federal é chefiada pelo delegado Leopoldo Lacerda, que ainda não sabe se vai, de acordo com informações do jornal “Folha de São Paulo”, permanecer no cargo. Ao todo, desde 2019, quando começou a gestão Bolsonaro, a direção da Polícia Federal já foi modificada quatro vezes, relembre:
- Mauricio Valeixo: janeiro de 2019 a abril de 2020;
- Rolando de Souza: maio de 2020 a abril de 2021;
- Paulo Maiurino: abril de 2021 a fevereiro 2022;
- Márcio Nunes: desde 25 de fevereiro de 2022.
Interferência na PF
Todas essas trocas na PF já rendeu, em 2020, problemas ao presidente Bolsonaro, que viu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, nomeado ao cargo em abril daquele ano, ser suspensa pelo STF, pois se levantou a suspeita, após a denúncia de Sergio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça, de que pudesse estar havendo uma interferência do chefe do Executivo na Corporação.
Na semana passada, no entanto, a PF enviou um relatório ao STF dizendo que não existem indícios que atestem que Bolsonaro tenha, de fato, interferido na corporação.