Durante uma conversa com Lula na semana passada, Alcolumbre afirmou que não será um obstáculo para a aprovação rápida da indicação do advogado pessoal de Lula. No entanto, na prática, o senador está jogando suas cartas.
Enquanto os senadores aliados ao governo estão se esforçando para garantir uma ampla aprovação de Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), está se mantendo distante das negociações e destacando seu poder de definir o processo de avaliação, que ainda não tem uma data definida.
Por exemplo, Alcolumbre tem recusado convites para jantares e encontros organizados para apoiar Zanin. Na terça-feira passada, mesmo convidado, ele não compareceu ao jantar na casa da ex-senadora Katia Abreu, que contou com a presença de senadores e ministros do STF, entre outros.
Próximos passos na indicação de Zanin ao STF
Haverá um novo jantar marcado para a próxima semana na casa do senador Weverton Rocha (PDT-MA), além de encontros de Zanin com as bancadas do Senado. Contudo, Alcolumbre afirma aos interlocutores que está se mantendo distante para permitir que todos os senadores, inclusive os da oposição, tenham a oportunidade de se encontrar com Zanin antes da sabatina na CCJ. Ou seja, É o que é conhecido como “beija-mão” tradicional, onde os indicados ao STF precisam visitar os gabinetes dos senadores.
Além disso, Alcolumbre tem a responsabilidade de escolher o relator da indicação de Zanin. Então, os nomes prováveis são o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego, Jader Barbalho ou Weverton. Nesse sentido, também foram solicitados para relatar a indicação de Zanin o líder do União Brasil, Efraim Filho (PB), e Renan Calheiros (MDB-AL).
Portanto, ele promete anunciar o nome do relator e marcar a data da sabatina até terça-feira da próxima semana. Sendo assim, Alcolumbre garantiu ao governo que Zanin poderá ser empossado no STF na semana de retorno do recesso judiciário, em agosto.
Alcolumbre e a tramitação de Zanin ao STF
Nas negociações com Alcolumbre, o governo menciona a possibilidade de oferecer cargos no estado do senador, Amapá, em Brasília, além da discussão sobre a exploração de petróleo pela Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas.
Ainda assim, o Palácio do Planalto sabe que a rápida tramitação do nome de Zanin depende de negociações com Alcolumbre e quer mostrar a força do governo por meio de um processo rápido. Anteriormente, em 2021, quando presidia a CCJ, Alcolumbre segurou a sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro ao STF, por cinco meses.
Atualmente, Zanin já conversou por telefone com vários senadores e também se encontrou pessoalmente com figuras do governo e da oposição, como Rogério Marinho (PL-RN). O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), espera uma aprovação no plenário do Senado com mais de 60 votos dos 81 senadores.
Dessa forma, o governo busca acelerar a indicação de Zanin, sabendo que depende das negociações com Alcolumbre, ofertas de cargos e discussões sobre petróleo entram em jogo. Zanin já se reuniu com senadores e líderes de ambos os lados, buscando apoio para uma aprovação no Senado.
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