Nos últimos dias o PIX passou por ajustes promovidos pelo Banco Central (BC). A partir de agora, as transferências e pagamentos realizados à noite se limitam a R$ 1 mil. O teto foi implementado sob a justificativa de prezar pela segurança financeira dos cidadãos.
No entanto, um levantamento feito pelo Procon-SP indica que a atitude que, a princípio tinha caráter benéfico, pode ter um efeito reverso. Isso porque, existe a possibilidade de um aumento expressivo no número de sequestros relâmpagos. O crime é bastante comum por todo o país. Normalmente os criminosos escolhem uma vítima aleatória em busca de quantias simbólicas, que giram em torno de mil reais ou pouco mais, justamente o novo limite do PIX.
Para o presidente do Procon-SP, Fernando Capez, “A limitação de transferência das 20h às 6h da manhã pode gerar um efeito contrário, que já ocorreu com bancos 24 horas, ou seja, a vítima permanecer em poder dos sequestradores durante toda a noite até o amanhecer. Ela é abordada de madrugada e fica em poder do sequestrador mais 3 ou 4 horas, então, nós pretendemos amenizar essa medida com outras providências que vamos sugerir ao Banco Central”.
Dados obtidos por meio da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo indicam que entre o período de janeiro a julho de 2021, foi observado um aumento de 39,1% nos registros de sequestros-relâmpagos e roubos com receptação. Ao todo, foram 206 boletins de ocorrência registrados em torno do tema, além de 100 prisões de criminosos que atuavam nas práticas mencionadas.
Desta forma, com o objetivo de tratar sobre o tema, o presidente do Procon-SP se reunirá ainda hoje com diretores do Banco Central para requerer a implementação de novas medidas que realmente promovam a segurança efetiva, tanto nos pagamentos quanto para a vida das pessoas.
De acordo com o Banco Central, a ideia é evitar justamente o repasse de quantias mais altas, de modo a inibir este tipo de investida. Por exemplo, os clientes que precisarem fazer transferência em valores superiores a R$ 1 mil durante os próximos 60 dias, deverão, obrigatoriamente, solicitar a liberação deste procedimento junto ao banco, que por sua vez, poderá dar um parecer somente após 48 horas do pedido.
De acordo com o líder de inovações financeiras da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac), e também coordenador do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT Lab), recordou que as transferências via PIX, por si só, já são um procedimento seguro. Essas mudanças visam reforçar isso ainda mais.
Segundo ele, do ponto de vista tecnológico e em comparação a outros meios de pagamento presentes no mercado financeiro, não existe nenhum outro sistema mais seguro que o PIX. As investidas do Banco Central têm o intuito de ampliar o sistema de segurança para o lado relacionado à engenharia social e segurança pública. Normalmente, a engenharia social é o método utilizado quando há o compartilhamento de boletos por pessoas se passando por atendentes de companhias telefônicas e similares.
Ou seja, um golpe para desviar dinheiro. Em contrapartida, os roubos e sequestros relâmpagos são circunstâncias mais sérias de segurança pública, motivo pelo qual as alterações no PIX reforçam ainda mais a segurança de ambos os lados.