Números revelados nesta terça-feira (01) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que, no primeiro trimestre deste ano, ao menos 28,1 milhões de pessoas trabalhavam no agronegócio brasileiro, um número recorde para esse período levando em consideração o início do acompanhamento, feito desde 2012.
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Conforme o levantamento, o contingente da população ocupada no setor cresceu, mas a participação no total do país diminui. Prova disso é que, em 2012, quando os dados começaram a ser avaliados, o agronegócio representava 29,2% da força de trabalho do Brasil. Passados os anos, este percentual está em 27%.
De acordo com o Cepea, a pesquisa de ocupação deste ano contou com a parceria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e incorporou uma nova avaliação, a dos trabalhadores cuja produção é destinada exclusivamente para o consumo próprio e dos moradores de seu domicílio.
Segundo o Cepea, esses trabalhadores atuam para o autoconsumo e estão, em sua maioria, dentro da porteira – juntos, eles somam atualmente 5,3 milhões de pessoas. Essa pesquisa revelada nesta terça também inclui na contagem tarefas de cultivo, pesca, caça, criação de animais e produção florestal.
Além dos citados, também foram incluídos na pesquisa trabalhos de artesanato e algumas atividades dentro de outros segmentos, como o do agrosserviço. Em entrevista ao canal “CNN Brasil”, Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, relata que o acompanhamento do segmento de trabalhadores do autoconsumo era necessário.
“É um público que necessita de uma política social. Apenas políticas trabalhistas e agrícolas não resolvem. Ele não é visto pelo Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] e pela Rais [Relação Anual de Informações Sociais], mas não pode ser ignorado“, explica ele.
Ainda de acordo com o coordenador, o público em questão não vem sendo assistido e precisa ser mostrado. Nesse sentido, Renato Conchon relata que a grande maioria não tem acesso a políticas agrícolas, planta apenas para comer e complementa a alimentação com o programa Bolsa Família e serviços esporádicos.
Os dados da população ocupada no agro no primeiro trimestre deste ano, divulgados nesta terça, mostraram que houve um aumento de 1,2% no número de trabalhadores na agroindústria, mas, em contrapartida, foi registrada uma queda de 5,2% no campo. De acordo com o levantamento, das 28,1 milhões de pessoas ocupadas, 8,3 milhões estavam na agricultura e na pecuária – isso representa 456 mil indivíduos a menos do que o registrado no ano passado.
No agro, o maior ganho de trabalhadores foi no setor de cana-de-açúcar, que teve 48 mil pessoas a mais. Na pecuária, por outro lado, notou-se uma queda – na bovina, por exemplo, foram 34 mil ocupações a menos. Dos segmentos do agro, o que mais cresceu foi o agrosserviços, que ampliou em 616 mil pessoas o quadro de trabalhadores.
Outro dado interessante da pesquisa é que sobre o nível de instrução, que vem aumentando. De acordo com o levantamento, neste ano, o total de trabalhadores com curso superior superou em 4% o do primeiro trimestre de 2022 – os que têm curso médio foram 4,4% a mais, e os sem instrução, 2% acima – a última categoria representa 6,6% da mão de obra do setor.
Por fim, a pesquisa do Cepea ainda mostrou que houve um aumento de 5,9% no salário no agronegócio, um percentual um pouco acima da média nacional, que foi de 5,4%. Dos trabalhadores do agro, os que atuam nos setores de insumo e os de dentro da porteira foram os que mais tiveram seus vencimentos reajustados: 9,4% e 8,1%, respectivamente.
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