Na noite deste último sábado (29), a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do Brasil, anunciou o cancelamento da cerimônia de abertura que estava programada para ocorrer nesta segunda-feira, 1º de maio. De acordo com os organizadores do evento, a decisão foi tomada devido a “toda a repercussão gerada pela cerimônia”. Contudo, o restante do evento está mantido para ocorrer normalmente entre os dias 1º e 5 de maio, em Ribeirão Preto, localizado no interior de São Paulo. O governo federal pretendia ampliar seu trânsito no agro ao anunciar crédito extra para o Plano Safra, dado que, desde o período eleitoral, o presidente Lula trava uma relação sensível com o setor em que Jair Bolsonaro possui amplo apoio.
Nesse sentido, a repercussão mencionada pela nota da Agrishow ocorreu após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar que não participaria da cerimônia de abertura devido à presença do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, na Agrishow. Dessa forma, a organização do evento teria sugerido que o ministro participasse no dia seguinte em vez do dia de abertura.
Fávaro afirmou que a organização do evento “não desceu do palanque” e queria constrangê-lo ao mudar sua apresentação para que ocorresse após a participação do ex-presidente. Em nota, a Agrishow negou ter desconvidado o ministro. “O ministro vem realizando um ótimo trabalho com muita competência para o desenvolvimento do agronegócio e sua participação é muito importante para o setor”, afirmou o comunicado. Por outro lado, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) disse, em pronunciamento, que a Agrishow é “democrática, apartidária, difusora de tecnologias e aberta a todos”.
Governo anunciou retirada do patrocínio do Banco do Brasil da Agrishow
Ainda na última sexta-feira (28), o governo anunciou que o Banco do Brasil iria retirar o patrocínio da Agrishow. De acordo com o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, a decisão foi tomada porque o evento havia sido politizado e, com isso, não deveria receber recursos públicos. Até então, o governo não informou que o valor do patrocínio dado pelo Banco do Brasil ao evento, no entanto, o stand do banco na feira foi mantido.
“(O patrocínio será retirado devido a) Descortesia e mudança de caráter de um evento institucional de promoção do agronegócio para um evento de características políticas e ideológicas. Ou é uma feira de negócios plural e apartidária, ou não pode ter patrocínio público”, afirmou Paulo Pimenta. Ao ser procurado, o Banco do Brasil afirmou que “estará presente na Agrishow por meio de atuação comercial para realização de negócios e atendimento aos seus clientes”.
Durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à feira em todos os anos em que o evento foi realizado, em 2019 e 2022, em 2021 e 2020 o evento não ocorreu devido à pandemia da covid-19. Inclusive, no último ano de sua gestão, ele chegou a entrar no evento montado em um cavalo. Em 2019, Bolsonaro foi acompanhado da então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que utilizou o evento como palanque política ao anunciar a suplementação de recursos para o crédito agrícola na safra vigente.