Advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram, nesta terça-feira (15) que o ex-chefe do Executivo pagava despesas em dinheiro vivo para pequenos fornecedores e fornecedores informais, sem CNPJ – a declaração aconteceu após a Polícia Federal (PF) mostrar mensagens de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, determinando que funcionários pagassem gastos da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de parentes com dinheiro vivo.
De acordo com a Polícia Federal, a prática de utilizar dinheiro vivo dificulta saber quem enviou o montante – a corporação também afirma ter visto indício de desvio de dinheiro público. Apesar das suspeitas, a defesa de Jair Bolsonaro afirma que não houve irregularidade.
“Como funcionava? Quando existente CNPJ do fornecedor, o presidente pagava os boletos, e todos os extratos serão apresentados pela defesa. No caso de pequenos fornecedores ou fornecedores informais ou não possuidores de CNPJ, o presidente sacava valores, que eu tenho nesta planilha de todos os meses. E eu colocarei à disposição da imprensa oportunamente”, disse Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro que foi ex-secretário de Comunicação Social durante a gestão do ex-presidente.
Ainda na declaração, dada em entrevista coletiva, o defensor disse que Bolsonaro não usava o cartão corporativo para gastos d a família. “O cartão corporativo jamais foi utilizado para pagamento de qualquer custo, ou qualquer compra”, disse ele, que também foi perguntado sobre mensagens em que Mauro Cid determina a funcionários da Presidência pagamentos em nome de Michelle Bolsonaro.
Segundo Fábio Wajngarten, ele conversou com Michelle Bolsonaro e questionou a ex-primeira-dama o porquê de ela não ter solicitado um cartão de crédito para Bolsonaro. De acordo com ele, a esposa do ex-presidente disse que não pediu porque o marido é “pão duro”.
“Perguntei à dona Michele há meia hora sobre o porquê de não ter pedido um cartão para o marido] e ela me respondeu que ‘meu marido sempre foi muito pão duro'”, disse ele, que também disponibilizou uma planilha onde, segundo a defesa, constam os saques feitos por Mauro Cid na conta de Jair Bolsonaro ao longo dos quatro anos de mandato – o valor totaliza R$ 25 mil.
Por fim, o advogado também relatou que foram sacados R$ 644 mil das contas do presidente. De acordo com a defesa, Bolsonaro enviou o dinheiro para uma conta pessoal que foi aberta em dezembro de 2022 no Banco do Brasil, nos EUA.
“Foi transferido aproximadamente U$S 135 mil dólares, aproximadamente R$ 600 mil”, afirmou Fábio Wajngarten, que justificou que a transferência ocorreu porque o ex-presidente tem “medo da situação da economia brasileira” e preferiu resguardar o que economizou ao longo dos anos, numa conta no exterior.
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