A advogada Isabela Bueno de Sousa, de 49 anos, virou ré por injúria racial após uma determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), divulgada nesta terça-feira (24). A mulher é acusada pelo crime porque usou um emoji de banana para responder uma colega de profissão negra durante uma conversa em um grupo de WhatsApp.
Em entrevista ao portal “G1”, a vítima, Thayrane Evangelista, de 31 anos, que também é advogada, contou que o caso aconteceu em janeiro deste ano após ela ter enviado uma “figura aleatória”, e ter recebido o emoji de banana como resposta.
Depois que enviou a mensagem, Thayane respondeu que não havia entendido o porquê das bananas. Em seguida, Isabela respondeu que pensou “alto” e que o fato era uma “reserva de pensamento”.
Após isso, a discussão foi instaurada e a vítima chegou a citar o Código Penal, afirmando que injúria racial era crime. “Banana é a fruta que mais gosto, mas ela representa pessoas sem personalidade. Acho fácil de entender”, disse Isabela.
Por fim, sem querer se prolongar no assunto, Thayane disse: “Racista sempre achará maneiras de distorcer suas palavras ao seu favor. Mas vamos deixar isso com o judiciário”, disse a vítima.
Ao chegar na Justiça, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou a advogada, decisão essa acatada pela Justiça. Na denúncia, os promotores explicam que existe uma referência racista na ocasião de uso da fruta.
“As bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais uma vez que são utilizadas metaforicamente para relacionar pessoas negras aos primatas macacos, reforçando o estereótipo de subalternidade social desse segmento populacional, tratando-se, claramente, de uma ofensa à honra que faz referência à cor e raça da vítima”, escreveram.
De acordo com o MPDFT, outro fato que corrobora para a suspeita de injúria é o fato de que a acusada não respondeu as outras integrantes do grupo usando bananas, como fez com a vítima.
Segundo Thayane, essa não havia sido a primeira vez que ela tinha sofrido injúria racial. Todavia, por conta dessa ofensa ter partido de uma colega de trabalho, ela decidiu denunciar. “Como foi uma advogada, dentro de um grupo de advogados, decidi procurar meus direitos. Vários integrantes tiveram o mesmo entendimento que eu, até mesmo a Justiça, que a tornou ré”, afirmou. Segundo o MPDFT, o órgão estipulou, na denúncia, uma indenização mínima de R$ 6 mil.
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